LANÇAMENTOS
NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA - Ultraje a Rigor (WEA)
Já invadiram. A essa altura do campeonato, o primeiro longo do Ultraje é mais que um merecido best seller. Explica-se: amadurecendo seu repertório em uma peregrinação de shows e dois compactos, o grupo estréia como se estivesse lançando os seus "greatest hits".
Tem gente que vê certo parentesco entre as molecagens de Roger e uma tradição paulistana que vai de Adoniran Barbosa ao Premê e Língua de Trapo. Além disso, eles estão mais para um universalíssimo triângulo amoroso entre Chuck Berry mais Jararaca e Ratinho. Ou seja, você dança e racha o bico - e quando a piada estiver gasta, continua dançando. É só conferir a proibida "Marylou" - segundo Roger, uma canção "didática - infantil, que ensina de onde vêm o leite e os ovos".
Só uma coisinha: de que música do Police foi chupada a introdução de "Ciúme"? Ou será uma homenagem aos adeptos tupi do "reggae branco"? Cartas para a Redação.
Já invadiram. A essa altura do campeonato, o primeiro longo do Ultraje é mais que um merecido best seller. Explica-se: amadurecendo seu repertório em uma peregrinação de shows e dois compactos, o grupo estréia como se estivesse lançando os seus "greatest hits".
Tem gente que vê certo parentesco entre as molecagens de Roger e uma tradição paulistana que vai de Adoniran Barbosa ao Premê e Língua de Trapo. Além disso, eles estão mais para um universalíssimo triângulo amoroso entre Chuck Berry mais Jararaca e Ratinho. Ou seja, você dança e racha o bico - e quando a piada estiver gasta, continua dançando. É só conferir a proibida "Marylou" - segundo Roger, uma canção "didática - infantil, que ensina de onde vêm o leite e os ovos".
Só uma coisinha: de que música do Police foi chupada a introdução de "Ciúme"? Ou será uma homenagem aos adeptos tupi do "reggae branco"? Cartas para a Redação.
YOU´RE UNDER ARREST - Miles Davis (CBS)
Membro ativíssimo de três revoluções no jazz - a saber, o cool, o be-bop e a fusion roqueira -, Miles dá agora seqüência à sua empreitada funk. E se The Man with the Horn (81) e Star People (82) já garantiam alguns enfartes para puristas e tradicionalistas, este novo trabalho aproxima-se ainda mais do pop. Para começar, uma versão do hit de Cyndi Lauper, "Time After Time" - belíssima para tímpanos sem preconceito. Um estraçalho geral, dançante, mas sempre inventivo e com o superbaixo de Darryl Jones. O sr. Sting comparece com uma "voz de policial francês" na faixa-título.
Fascinatin’ Rampal - Jean Pierre Rampal (CBS)
Músico de sólida formação erudita, Rampal é também conhecido por seus passeios na música popular. Neste território consegue brilhar, como o fez na série de melodias japonesas para flauta e harpa, gravada por ele e Lily Laskine e incompreensivelmente não lançada aqui. O mesmo não se pode dizer da audição deste LP, onde ele interpreta transcrições de Michel Colombier para músicas de George Gershwin. Não que se questione seu domínio do instrumento. O que soa estranho é a transcrição para flauta de canções cuja concepção original acaba soando desvirtuada neste instrumento.
J.E.M.
WAR - U2 (WEA)
Editado lá fora em 82, War é o terceiro e o mais militante LP desses bombásticos irlandeses. Uma surpresa para quem só conhece o U2 produzido por Brian Eno em The Unforgettable Fire: aqui, como nos outros discos produzidos por Steve Lillywhite, a potência da banda sobe à tona muito mais crua e básica. No mais, este é também o LP que carrega os dois principais hinos deles - "Sunday Bloody Sunday" e "New Year´s Day". Só que essas gravações ficam meio apagadas depois de suas versões ao vivo registradas com inesquecíveis faíscas no vídeo e no LP Under a Blood Red Sky (que a WEA deve lançar aqui também). Talvez seja no palco que o U2 encontre mesmo sua razão de ser - quem viu o Live Aid, sabe do que eu estou falando. No mais, o sr. Eno transformou água em vinho francês.
BATALHÕES DE ESTRANHOS -Camisa de Vênus (RGE)
Já no segundo LP, este peculiar - para dizer o mínimo - grupo quase punk da Bahia continua perseguindo sua marca registrada. Em momentos como "Eu Não Matei Joana D´Arc" (um hit nas FMs!) eles conseguem e, de modo geral, todas as canções e letras trazem o potencial de uma paulada simultânea na testa e no baixo ventre. O problema continua o mesmo do primeiro disco: uma produção tímida, com guitarras mixadas baixo, sem fio ou corte. Alô, produtores, vamos liberar a distorção e a microfonia!
BACH - CONCERTO ITALIANO, CONCERTOS PARA PIANO, INVENÇOES, VARIAÇÕES GOLDBERG - Glenn Gould (CBS)
Sua escolha dos andamentos era, em geral, desconcertante; suas gradações dinâmicas, não raro, agressivamente anticonvencionais; e ele tinha o hábito desagradável de cantarolar enquanto tocava. Mas poucos pianistas conseguiram, como Glenn Gould (1932/1984), unir a uma inteligência de execução, que torna claras as mais complexas tramas polifônicas, tão ilimitada capacidade de transfiguração poética. Bach foi o compositor a quem mais se dedicou esse artista, de um perfeccionismo que o levou a trocar a sala de concertos pelo estúdio de gravação. E de Bach são as obras nestes quatro discos.
L.M.C.
RATTLESNAKES - Lloyd Cole & The Commotions (Polygram)
Um escocês obcecado pelos míticos United States da América do Norte, Lloyd Cole escreve versos como "arrume um novo alfaiate, comece a ler Norman Mailer". Seu vocal tem a mesma familiaridade com o de Lou Reed que, digamos, o vocal de Mark Knopfler com o de Dylan. E, no som, guitarras e violões tecem a tapeçaria junto a violinos e órgâo - ou seja, mais referência ao psicodelismo americano pré-66. Aqui em São Paulo, a faixa-título já é, há um bom tempo, hit de certas pistas de dança. Lá fora, os hits foram "Perfect Skin" e "Forest Fire" (linda). Ao todo, uma trilha sonora perfeita para relaxar, meditar e/ou namorar no sofá.
Membro ativíssimo de três revoluções no jazz - a saber, o cool, o be-bop e a fusion roqueira -, Miles dá agora seqüência à sua empreitada funk. E se The Man with the Horn (81) e Star People (82) já garantiam alguns enfartes para puristas e tradicionalistas, este novo trabalho aproxima-se ainda mais do pop. Para começar, uma versão do hit de Cyndi Lauper, "Time After Time" - belíssima para tímpanos sem preconceito. Um estraçalho geral, dançante, mas sempre inventivo e com o superbaixo de Darryl Jones. O sr. Sting comparece com uma "voz de policial francês" na faixa-título.
Fascinatin’ Rampal - Jean Pierre Rampal (CBS)
Músico de sólida formação erudita, Rampal é também conhecido por seus passeios na música popular. Neste território consegue brilhar, como o fez na série de melodias japonesas para flauta e harpa, gravada por ele e Lily Laskine e incompreensivelmente não lançada aqui. O mesmo não se pode dizer da audição deste LP, onde ele interpreta transcrições de Michel Colombier para músicas de George Gershwin. Não que se questione seu domínio do instrumento. O que soa estranho é a transcrição para flauta de canções cuja concepção original acaba soando desvirtuada neste instrumento.
J.E.M.
WAR - U2 (WEA)
Editado lá fora em 82, War é o terceiro e o mais militante LP desses bombásticos irlandeses. Uma surpresa para quem só conhece o U2 produzido por Brian Eno em The Unforgettable Fire: aqui, como nos outros discos produzidos por Steve Lillywhite, a potência da banda sobe à tona muito mais crua e básica. No mais, este é também o LP que carrega os dois principais hinos deles - "Sunday Bloody Sunday" e "New Year´s Day". Só que essas gravações ficam meio apagadas depois de suas versões ao vivo registradas com inesquecíveis faíscas no vídeo e no LP Under a Blood Red Sky (que a WEA deve lançar aqui também). Talvez seja no palco que o U2 encontre mesmo sua razão de ser - quem viu o Live Aid, sabe do que eu estou falando. No mais, o sr. Eno transformou água em vinho francês.
BATALHÕES DE ESTRANHOS -Camisa de Vênus (RGE)
Já no segundo LP, este peculiar - para dizer o mínimo - grupo quase punk da Bahia continua perseguindo sua marca registrada. Em momentos como "Eu Não Matei Joana D´Arc" (um hit nas FMs!) eles conseguem e, de modo geral, todas as canções e letras trazem o potencial de uma paulada simultânea na testa e no baixo ventre. O problema continua o mesmo do primeiro disco: uma produção tímida, com guitarras mixadas baixo, sem fio ou corte. Alô, produtores, vamos liberar a distorção e a microfonia!
BACH - CONCERTO ITALIANO, CONCERTOS PARA PIANO, INVENÇOES, VARIAÇÕES GOLDBERG - Glenn Gould (CBS)
Sua escolha dos andamentos era, em geral, desconcertante; suas gradações dinâmicas, não raro, agressivamente anticonvencionais; e ele tinha o hábito desagradável de cantarolar enquanto tocava. Mas poucos pianistas conseguiram, como Glenn Gould (1932/1984), unir a uma inteligência de execução, que torna claras as mais complexas tramas polifônicas, tão ilimitada capacidade de transfiguração poética. Bach foi o compositor a quem mais se dedicou esse artista, de um perfeccionismo que o levou a trocar a sala de concertos pelo estúdio de gravação. E de Bach são as obras nestes quatro discos.
L.M.C.
RATTLESNAKES - Lloyd Cole & The Commotions (Polygram)
Um escocês obcecado pelos míticos United States da América do Norte, Lloyd Cole escreve versos como "arrume um novo alfaiate, comece a ler Norman Mailer". Seu vocal tem a mesma familiaridade com o de Lou Reed que, digamos, o vocal de Mark Knopfler com o de Dylan. E, no som, guitarras e violões tecem a tapeçaria junto a violinos e órgâo - ou seja, mais referência ao psicodelismo americano pré-66. Aqui em São Paulo, a faixa-título já é, há um bom tempo, hit de certas pistas de dança. Lá fora, os hits foram "Perfect Skin" e "Forest Fire" (linda). Ao todo, uma trilha sonora perfeita para relaxar, meditar e/ou namorar no sofá.