segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Bizz número zero - Lançamentos

DISCOS

    BRONSKI BEAT - The Age of Consent (Mercury Polygram)
    Apesar de toda a adulação que cerca a ressurreição do "som acústico", o tecnopop não morreu. Como se não bastasse o estrondoso Frankie Goes to Hollywood, esse trio inglês canta o amor gay movido a seqüenciadores e outras máquinas. Os hits Why? e Smulltown Boy somam-se aqui a versões tanto dos irmãos Gershwin (It Aint Necessarily Se) a Giorgio Moroder e Donna Summer (I Feel Love. Pena que o Bronski Beat já tenha acabado, há menos de um mês, com a saída do agudíssimo vocal de Jimi Sommerville (segundo consta, o garoto não suportou as "pressões do estrelato").
    Menos voltada para as pistas de dança, e preocupada com novas texturas que equilibrem as dosagens elétrica, eletrônica e acústica, a dupla inglesa TEARS FOR FEARS chega ao segundo LP. O alívio dos fãs conquistados na estréia é facilmente e tiveram de esperar dois anos.
    O título, Songs From the Big Chair (original do selo Mercury, lançado pela Polygram, revela que Curt Smith (baixo, vocal) e Roland Orzabal (guitarras, teclados, vocal) continuam fuçando as mil vertentes disponíveis de psicoterapia. Trata-se de uma referência à poltrona onde a famosa esquizofrênica Sybill um caso clínico que virou best seller - extravasava suas fobias e angústias. citações à parte, o disco conta com melodias pop tão sedutoras que fundem caçadores de vanguardas perdidas e consumidores de radinho de pilha num só público contagiado.
    Uma especiaria em vinil: os hits que puxaram, na Inglaterra, o 12 até o topo das paradas - Shout e The Working Hour - valem apenas como amostra de um som que persegue todas as direções possíveis.

    STYLE COUNCIL - Shout to the Top (Polygram)
    Os maxicompactos, com versões esticadas segundo a refinada arte da mixagem, são uma das saudáveis práticas do mercado fonográfico inglês. Aqui, eles não têm merecido a devida atenção das gravadoras. Ainda assim, você pode argumentar que esse funkaço regado violinos já tomou de assalto as FMs. Nesse caso, fique com as duas baladas que vêm do outro lado.
    Indicado especialmente para os apaixonados pelo LP Café Bleu do multiestilístico Coulncil de Paul Weller e Mick Talbot.
   
    
   Dune - Trilha sonora
   Infelizmente, Sting não participa. Mas a trilha sonora de Dune (Polygram) conta com uma peça de BRIAN ENO e DANIEL LANOIS, célebres magos de estúdio e produtores do LP do U2. Essa pérola, no entanto é cercada da mais insossa mediocridade - leia-se o grupo TOTO - por todos os lados, Para os fãs de Eno que não tem modo, (vexame! vergonha!) em catálogo no Brasil, e, claro para os lãs em potencial do filme (que devem, antes de qualquer coisa ler o artigo da pág. 44}.

    FOREIGNER - Agent Provocateur
   Um momento inspirado cercado de mesmice por todas as fronteiras é também o novo LP do FOREIGNER, Agent Provocateur,(Atlantic/WEA). Com semanas a fio no topadas paradas americana e britanical Wont te Know What Love Is recupera os coros de gospel, a música negra religiosa, com alto teor de sangue, suor e lágrimas - isso com urna especialíssima participação do New Jersey Mass Choir. Agora, o resto do disco...

    Castle Donnington - Monster of Rock
    Nem sombra de dúvida, o pacote Heavy do mês é encabeçado por Castle Donnington - Monsters of Rock (Polygram). Em 16 de agosto de 1960, esse festival inglês reunia heavies de três gerações para um verdadeiro banquete de pauleira. O lendário RAINBOW de Ritchie Blackmore e os SCORPIONS comparecem com duas faixas cada, enquanto SAXON APRIL WINE, TOUCH e RIOT (não confundir com o Quiet) engrossam o caldo com uma por cabeça.

    THE FIRM
    THE FIRM, como você deveria saber, é a nova empreitada de dois monstros sagrados do rock inglês, o vocalista Paul Rodgers {ex-Free e Bad Company e o guitarrista Jimmy Page (precisa dizer de quem?). Um pulinho até a pág. 42 e você tem nas mãos nossa cobertura exclusiva do show do Firmem Nova York.
    Lançamento da WEA, através do selo Atlantic, esse primeiro LP do quarteto não recebeu uma acolhido das mais favoráveis lá fora. Seja como for, qualquer obra com o nome de Page merece ser conferida.
    Fechando o pacote, mais um grupo escavando a trilha da pauleira-purpurina (cortesia Alice Cooper}i habitada hoje por figuras simpáticas como Twisted Sister e Motley Crüe.

    RATT - Out of the Cellar 
    Caso você nunca tenha ouvido falar do RATT, que tem seu segundo LP (Out of the Cellar) lançado aqui, essa estréia em ordem invertida (Atlantic/WEA) é um bom começo. No recheio, uma versão do clássico rhythm n blues Walkin the Dog, de Rufus Thomas, que os Stones gravaram e Laurie Anderson parodiou em ritmo de samba.

   Metrô - Olhar
   Em plagas brasileiras, a época é de brava entressafra. Sabe-se apenas que vêm coisas finas a caminho - como os LPs de estréia do RPM e do Ira! Enquanto isso, apenas dois lançamentos. O grupo franco-paulista METRO - Virginie (vocal), Alec (guitarra, violão, Zaviê (baixo), Yann (teclados) e Danny (bateria) - chega agora em formato LP. Olhar (Epic/CBS) é o nome dele e já conta com três hits no currículo: Tudo Pode Mudar, Sândalo de Dôndi e Beot Acelerado, este em nova versão à moda inglesa, isto é, em arranjo bossa-nova, Nada mal para uma banda que já se chamou A Gota Suspensa.

    Vários - Aumenta que isso aí é rock'n roll
    Uma boa opção é a coletânea Aumenta Que Isso Aí É RocknRoll (Sigla/Som Livre), com certeza a mais abrangente das 1001 já lançadas nos últimos dois anos. Comparecem, entre outros. LOBÃO (Corações Psicodélicos), CELSO BLUES BOY (faixa. título), LEGIAO URBANA (Geração Coca-Cola), BLITZ (Meu Amor Que Mau Humor), PARALAMAS (Patrulhe Noturna) e LULU SANTOS (O Calhambeque). Ou seja, chuchu e camarão no mesmo caldeirão.

    
    Bob Dylan - Real live
    O menestrel está de volta. E, eu quanto não chega aqui o novo LP Empire Burlesque, os fãs de BOE DYLAN têm neste Real Liste (CBS um prato cheio, Gravado nos três últimos concertos da turnê européia realizada por Dylan no ano passado. o disco percorre mais de vinte anos de carreira. A surpresa ía pique de rocknroll sem firulas que reveste clássicos como Highway 61 Revisited e Ballad of a Thin Man. Na superbanda de apoio, as guitarras de Carlos Santana e Mick Taylor (Rolling Stones).

    THE CURE - Concert  
   Também ao vivo, chega enfim ao Brasil o grupo inglês THE CURE. Gravado na última excursão deles pela Grã-Bretanha, Concert (Polygram) é nada menos que o oitavo LP da banda liderada pelo guitarrista/vocalista/letrista Robert Smith (que já integrou esporadicamente os Banshees de Siouxsie).
    Ainda que não esteja descontado o atraso, Concert leva o mérito de resumir toda a trajetória da inquieta cabeça de Smith - um percurso que vai do mais curto e grosso popfunk ao florido neopsicodelismo de seu último LP de estúdio, The Top. Para dançar até lascar o assoalho, escolha Killing an Arab, primeiro compacto da banda, inspirado em O Estrangeiro de Albert Camus: "Estou vivo! Estou morto! Sou um estranho! Matando um árabe".

    U2 - Unforgettable Fire
   De um lado, os irlandeses U2 com The Unforgettable Fire (original do selo Island, lançado pela WEA}. Do outro, os escoceses BIG COUNTRY com seu segundo LP, Steeltown (Mercury/Polygram). Na intersecção, guitarras e vocais inflamados, unidos em hinos rasgados ao inconformismo. Não é à toa que ambos os discos acabaram entre os dez primeiros na votação "Melhores de 84".

    FRANKIE GOES TO HOLLYWOOD - Welcome to the Pleasure Dome (original do selo ZTT, lançamento nacional WEA).
    Uma superprodução de Trevor Horn (ABC, Yes) torna irresistível o álbum duplo de estréia da banda, Fora esse banho de sintetizador Fairlight e percussão eletrônica, valem mesmo as faixas que fizeram a festa dos bailarinos europeus em 64 - Fiel ex e Two Tribes - e a climática faixa-título, que culmina com um belíssimo solo de violão do ex-Yes Steve Howe. Surpresa agradável: a luxuosa capa saiu idêntica à do original inglês. Os cinco Frankies são Hally Johnson (vocal), Paul Rutherford (vocal), Marc OToole (baixo), Peter Gill (bateria) e Brian Nash (guitarra).

    PRINCE & THE REVOLUTION Around The World in a Day (Warner/WEA)
    Um caso sério de expectativas levantadas e, por incrível que pareça, correspondidas. Prince cercou todas as etapas da gravação do maior sigilo: nem os executivos da gravadora podiam chegar perto do estúdio.
    Mas, agora à luz do dia, Around The World in a Day traz megalomania pop suficiente para arrebatar os ouvidos mais cínicos. Desde a deslumbrante capa. o cantor/multiinstrumentista mergulha de cabeça na estética psicodélica dos anos 60, Uma deixa dessas e pronto.., é o suficiente para rotularem o disco de Sgt. Peppers dos anos 80.
    Tudo bem, as etéreas citaras que povoam a abertura estão mais para a fixação de George Harrison em rugas indianas do que a sombria ressurreição de Jim Morrison encenada por neopsicodélicos ingleses como o Echo & The Burnymen. Ainda assim, sobra espaço para Prince não perder os quadris de vista. Dá para dançar, como manda o figurino de um herdeiro de James Brown. Talvez os arranjos para percussão sejam, inclusive, a fatia mais gorda de Around The World In a Day.
    Já nas letras, Prince continua o mesmo, obcecado por sexo e Deus. Um erotismo místico que fornece matéria-prima para versos como, na faixa The Ladder: "O amor da criação de Deus tirará a roupa de vocês! E o tempo passado a sós, meu amigo, deixará de existir.

LANÇAMENTOS
Os bem cotados

    Primeiro, um surto de bossa nova contagia os novos popjazzistas da ilha britânica. Na seqüência, despontam evidências de que a música brasileira em geral anda em alta lá fora. Vamos às provas...

    Lembra daquela clássica pergunta "Se você fosse para uma ilha deserta, que discos levaria?" Pois bem. Todo mês, a revista americana Star Hits pega no pé de alguma estrela até ela aparecer com uma listinha de suas dez canções favoritas. Na edição de fevereiro. o eleito é Tom Bailey, o terço ruivo dos Thompson Twins. E em segundo lugar nas suas dez, Cravo e Canela de Milton Nascimento. Diz ele: "Podia ser esta ou qualquer outra canção de Milton. Ela tem a melhor voz do mundo".
    Voltando um pouco no tempo, a edição de novembro da Face - a bíblia dos ingleses estilosos - inclui Toda Menina Baiana de Gilberto Gil em sua seleção de compactos. O toque é o seguinte: "Um samba suave e relaxado em português: a pedida atual em latinas noites dançantes".
    Tem mais. A inglesa Coe... Two.. Testing (esta feita por e para músicos) de abril traz uma longa entrevista com Simon Booth, líder da Working Week, banda que encabeça o atual pop com base de jazz. Até começar a trabalhar no balcão de uma loja de discos, Simon era um punk convicto. Aí se deu a metamorfose: "O primeiro disco a tocar fundo foi o LP Getz A Go-Go, de Stan Getz com Astrud Gilberto e Gary Burton. Era um dos discos mais evoca: vos que eu tá tinha ouvido e. acima de tudo, tinha canções fantásticas. A vi o nome de Antonio Carlos Jobim e saí caçando os discos dele . Estava espantado com aquelas melodias estranhas e etéreas. sobre aqueles acordes esquisitos.
    Para finalizar, o quente nos EUA é Djavan. Em pesquisa recente da cadeia de lojas de discos Tower Records. o alagoano vem em 23.0 entre os mais vendidos Como se não bastasse, tanto Sting como Paul Simon estão para gravar composições do rapaz que, aproveitando a onda, embarca em excursão pelos Estados Unidos e Japão. Definitivamente preenchida a cota de ufanismo do mês.


Um comentário:

  1. hauahuaha....olha que coisa, estou ouvindo AGORA: RATT - Out of the Cellar

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