CINEMA
DUNA
Se você acha que o cinema dificilmente iria realizar proezas maiores e mais sofisticadas do que aquelas que viu em 2001: Uma Odisséia no Espaço, ou mais recentemente em obras como Guerra nas Estrelas, espere para ver a parafernália que o diretor David Lynch e seus colaboradores colocaram em Duna.
O filme está sendo aguardado como uma das grandes promessas desta temporada cinematográfica, e deve estar nas telas ainda este mês com as chances de ser um novo sucesso de público e crítica. De público é praticamente certo, levando-se em conta a carga publicitária que, inevitavelmente, fará a cabeça do espectador, Mas milhões de dólares em publicidade nem sempre resolvem. Depende da qualidade.
No caso de Duna, ao menos o fator literário, ou de ficção científica, está garantido. Afinal, a novela de Frank Herbert já vendeu mais de 12 milhões de exemplares desde seu lançamento, em 1965. E como o cinema sempre está de olho nos best sellers, inevitavelmente Duna acabaria nas telas com sua história interplanetária, sua filosofia, seu arcabouço de efeitos especiais, sua grande e caprichada produção, a presença do grupo Police através de seu líder, Sting, e a necessidade de se resolver certos problemas através da criatividade dos desenhistas de produção.
Nova humanidade
Os críticos afirmam que Duna é um caso a parte na ficção científica. Consideram que, no gênero, certos autores criam personagens memoráveis, citando, por exemplo, o computador Hal 9000, de 2001, o capitão Nemo de Vinte Mil Léguas Submarinas, de ,Julio Verne, as criaturas de George Orwell e Aldous Huxley, ou as de Ray Bradbury, Asimov, Heinem. Mas acham que Herbert, em vez de falar sobre os cientistas, criou uma história sobre a nova humanidade, aquela daqui a dez mil anos, quando a capacidade não é medida em termos de kilobytes de computadores e sim pelo poder de raciocínio dos humanos.
E dizem mais: que Frank Herbert, com a série Duna, não apenas construiu um épico, nos modelos de uma Odisséia ou de uma Guerra nas Estrelas. Inventou uma sociedade que, a seu modo, recapitula a História.
Rejeição inicial
O mais engraçado é que esse best seller foi, inicialmente, rejeitado pelos editores americanos. Ninguém acreditava no seu sucesso. Herbert correu atrás de nada menos do que 22 editoras com o manuscrito que havia publicado em série na revista Analog, e acabou sendo obrigado a se satisfazer com uma edição minguada, de 2 mil cópias, publicada por uma casa muito mais especializada em consertos de automóveis. Depois, um editor de ficção científica descobriu o livro e lançou uma edição de bolso. Herbert recebeu 2 mil e 500 dólares pelas duas. Hoje fatura 500 mil dólares por ano.
E a trajetória de Duna começou aí, modestamente, sem que ninguém, nem o próprio autor, pudesse imaginar quais seriam os rumos que a obra tomaria. Só o primeiro volume, com mais de 700 páginas, traduzido para 14 idiomas, dá o retrato do retorno que o autor deve estar tendo, em termos de dólares, sem contar o que terá daqui pra frente com os outros volumes de sua saga.
Ele, afinal, continua escrevendo sobre Duna, E diz que há, no mínimo, 15 milhões de leitores que acharam o primeiro livro muito interessante. "Eu estou conversando com eles sobre como examinar todas essas premissas sobre as quais estruturamos nossos Governos e as nossas idéias de liderança."
Drogas e ecologia
Filosofia futurista é o que menos falta ao filme, que derrotou a capacidade imaginativa de uma série de roteiristas mas acabou virando filme. Com um orçamento de 40 milhões de dólares, um dos cinco mais caros de toda a história de Hollywood, Duna caiu nas mãos de David Lynch, o mesmo de O Homem Elefante, depois de ter passado por outros cineastas que se recusaram, por incompetência ou por falta de recursos, a tentar a ousadia de transformar em cinema um texto onde é, segundo os críticos literários, perfeita a comunhão entre a ficção e a política, a filosofia e a aventura.
Os espectadores depois do primeiro Duna, podem esperar por uma série de seqüências, daquelas que Hollywood gosta de criar. Nesta primeira história está a apresentação de personagens e situações.
Apareceu nos anos 60, quando os especialistas começaram a discutir a verdadeira importância da ecologia num universo que se via, gradativamente, destruído em sua fauna, flora e vida marítima, ou discutia drogas e misticismo, religião e sociedade. O herói principal é Paul Atreides, que se bate pela destruição da sociedade computadorizada para fazer valer a supremacia da mente, isso tudo num universo que Herbert criou baseando-se no feudalismo, cheio de maquinações políticas.
Se você acha que o cinema dificilmente iria realizar proezas maiores e mais sofisticadas do que aquelas que viu em 2001: Uma Odisséia no Espaço, ou mais recentemente em obras como Guerra nas Estrelas, espere para ver a parafernália que o diretor David Lynch e seus colaboradores colocaram em Duna.
O filme está sendo aguardado como uma das grandes promessas desta temporada cinematográfica, e deve estar nas telas ainda este mês com as chances de ser um novo sucesso de público e crítica. De público é praticamente certo, levando-se em conta a carga publicitária que, inevitavelmente, fará a cabeça do espectador, Mas milhões de dólares em publicidade nem sempre resolvem. Depende da qualidade.
No caso de Duna, ao menos o fator literário, ou de ficção científica, está garantido. Afinal, a novela de Frank Herbert já vendeu mais de 12 milhões de exemplares desde seu lançamento, em 1965. E como o cinema sempre está de olho nos best sellers, inevitavelmente Duna acabaria nas telas com sua história interplanetária, sua filosofia, seu arcabouço de efeitos especiais, sua grande e caprichada produção, a presença do grupo Police através de seu líder, Sting, e a necessidade de se resolver certos problemas através da criatividade dos desenhistas de produção.
Nova humanidade
Os críticos afirmam que Duna é um caso a parte na ficção científica. Consideram que, no gênero, certos autores criam personagens memoráveis, citando, por exemplo, o computador Hal 9000, de 2001, o capitão Nemo de Vinte Mil Léguas Submarinas, de ,Julio Verne, as criaturas de George Orwell e Aldous Huxley, ou as de Ray Bradbury, Asimov, Heinem. Mas acham que Herbert, em vez de falar sobre os cientistas, criou uma história sobre a nova humanidade, aquela daqui a dez mil anos, quando a capacidade não é medida em termos de kilobytes de computadores e sim pelo poder de raciocínio dos humanos.
E dizem mais: que Frank Herbert, com a série Duna, não apenas construiu um épico, nos modelos de uma Odisséia ou de uma Guerra nas Estrelas. Inventou uma sociedade que, a seu modo, recapitula a História.
Rejeição inicial
O mais engraçado é que esse best seller foi, inicialmente, rejeitado pelos editores americanos. Ninguém acreditava no seu sucesso. Herbert correu atrás de nada menos do que 22 editoras com o manuscrito que havia publicado em série na revista Analog, e acabou sendo obrigado a se satisfazer com uma edição minguada, de 2 mil cópias, publicada por uma casa muito mais especializada em consertos de automóveis. Depois, um editor de ficção científica descobriu o livro e lançou uma edição de bolso. Herbert recebeu 2 mil e 500 dólares pelas duas. Hoje fatura 500 mil dólares por ano.
E a trajetória de Duna começou aí, modestamente, sem que ninguém, nem o próprio autor, pudesse imaginar quais seriam os rumos que a obra tomaria. Só o primeiro volume, com mais de 700 páginas, traduzido para 14 idiomas, dá o retrato do retorno que o autor deve estar tendo, em termos de dólares, sem contar o que terá daqui pra frente com os outros volumes de sua saga.
Ele, afinal, continua escrevendo sobre Duna, E diz que há, no mínimo, 15 milhões de leitores que acharam o primeiro livro muito interessante. "Eu estou conversando com eles sobre como examinar todas essas premissas sobre as quais estruturamos nossos Governos e as nossas idéias de liderança."
Drogas e ecologia
Filosofia futurista é o que menos falta ao filme, que derrotou a capacidade imaginativa de uma série de roteiristas mas acabou virando filme. Com um orçamento de 40 milhões de dólares, um dos cinco mais caros de toda a história de Hollywood, Duna caiu nas mãos de David Lynch, o mesmo de O Homem Elefante, depois de ter passado por outros cineastas que se recusaram, por incompetência ou por falta de recursos, a tentar a ousadia de transformar em cinema um texto onde é, segundo os críticos literários, perfeita a comunhão entre a ficção e a política, a filosofia e a aventura.
Os espectadores depois do primeiro Duna, podem esperar por uma série de seqüências, daquelas que Hollywood gosta de criar. Nesta primeira história está a apresentação de personagens e situações.
Apareceu nos anos 60, quando os especialistas começaram a discutir a verdadeira importância da ecologia num universo que se via, gradativamente, destruído em sua fauna, flora e vida marítima, ou discutia drogas e misticismo, religião e sociedade. O herói principal é Paul Atreides, que se bate pela destruição da sociedade computadorizada para fazer valer a supremacia da mente, isso tudo num universo que Herbert criou baseando-se no feudalismo, cheio de maquinações políticas.
Valores e efeitos
Duna acabou virando filme pelo interesse de Raffaella De Laurentiis, a filha do produtor Dino De Laurentiis, um desses big shots de primeira linha. Ela ficou entusiasmada pela primeira novela de Herbert e convenceu o pai a produzir uma versão deste primeiro livro sobre Duna, o planeta, e os seres que tentam coabitar nele. Inicialmente, De Laurentiis tentou convencer o diretor Rídley Scott, o mesmo de Blade Runner, a fazer o filme. Ele rejeitou. Tentou David Lynch e teve sorte. Ele aceitou a proposta e, entre maio de 1981 e dezembro de 1982, passou escrevendo um roteiro que pudesse ser filmado, resumindo o texto de Frank Herbert sem esquecer os seus valores básicos. Foram necessários 4 mil figurinos diferentes, 75 estúdios de filmagens, a maioria deles contratados no México, nos estúdios Churubusco Azteca, onde Cantinflas sempre fez suas comédias; modelos de roupas criados especialmente por Carlo Rambaldi, miniaturas de diversos tipos, equipamentos eletrônicos, efeitos especiais estudados detalhadamente e um elenco formado por Kyle MacLachlan, o mocinho Paul Atreides, mais Francesca Annis, Jurgen Prochnow, Max Von Sydow, José Ferrer, Sting, Sian Phillips, Sean Young e Linda Hunt, incluindo-se, aí, uma participação de Aldo Ray, aquele ator que algumas gerações viram em dezenas de filmes de guerra, e de Silvana Mangano, a célebre atriz italiana, no papel da reverenda Mãe Ramallo.
Duna é o planeta Arrakis, deserto, onde mãe Ramallo fala aos seus súditos sobre a chegada de "alguém" que virá trazendo a "Guerra Sagrada" para "limpar o Universo" e livrar o povo da escuridão. E então começa essa história misteriosa, simbólica, com conotações bíblicas e religiosas e com o anunciado, Paul, como um Cristo intergalático que vem ao mundo para salvar, perdoar e ser também um instrumento dos poderosos.
Narcótico-especiaria
Frank Herbert já escreveu sete volumes sobre o planeta Duna e seus personagens. E ainda não se cansou. Acha que, cada vez mais, é preciso reavaliar a História. No primeiro livro, este que David Lynch filmou, a questão está relacionada a como produzir Messias. O cenário é um planeta habitado por caracteres sinistros, invadidos por política e religião, e, no centro de tudo, o lugar inóspito habitado por lagartas gigantes, com 250 metros de comprimento, e a tribo selvagem dos "Fremen", onde está a fonte da juventude, mistura de narcótico e especiaria que chamam de "melange", que prolonga a vida e também tem o poder de conceder conhecimentos ,científicos aos que o consomem. E provável que, diante de teses e filosofias, o espectador tenha diante de si um enigma maior do que o de 2001 com seu monolito negro difícil de desvendar. E é isso que, segundo dizem, atrai em Duna. Curiosamente, Dino De Laurentiis foi buscar apoio em nomes conhecidos: o desenhista de produção é Anthony Masters, que foi diretor de arte em 2001; o criador dos efeitos especiais é o mesmo Albert Whitlock de Terremoto, e Carlo Rambaldi se encarregou de desenhar as criaturas especiais, com a experiência de E.T. e da refilmagem de King Kong.
O segundo livro de Frank Herbert, "O Messias de Duna", foi lançado recentemente no Brasil. Apareceu em 1969 nos Estados Unidos, dando seqüência à odisséia de seus vários e intrigantes personagens. Vilões e heróis de um mundo futurista, carregado dos mesmos vícios, obsessões, pecados, egoísmo e angústias que vivemos hoje no nosso mundo. Afinal, pelo que nos conta Frank Herbert, daqui a 10 mil anos pouca coisa vai fazer do ser humano um novo homem.
VÍDEOS
FICÇÃO
FLASH GORDON NO PLANETA MONGO (Perils front the Planet Mongo, 1936)
Direção: Frederick Stephani. Com Buster Crubbe, Jean Bogers e Charles Middleton. Legendado.
Flash (Crabbe) e sua deliciosa namorada Dale Arden (Jean Rogers, urna precursora da minissaia, impedem que o maquiavélico imperador Ming (Middleton destrua a Terra. Mais um dos filmes que saíram da criação genial em quadrinhos de Alex Ravrnond, Divertido futurismo em cenários baratos, se comparados aos incríveis efeitos especiais de hoje.
UNIVERSO EM FANTASIA (heavy Metal, 1981)
Direção: Gerald Potterton, Desenho animado. Legendado.
Para quem curte quadrinhos, o estilo predominante na revista Heavy Metal (espaço, lances freaks e toques de neopsicodelismo), Diversos episódios.
BLADE RUNNER (O Caçador de Andróides, 1982)
Direção: Ridley Scott. Com Harrison Ford, Sean Young, Daryl Hanna. Original.
Mesmo sem legendas, vale (e muito) pelo incrível impacto visual. Numa Los Angeles do futuro envolta na poluição e permeada pela cultura oriental, Harrison Ford é um policial com licença para matar andróides que se rebelaram contra o sistema. A trilha sonora de Vangelis contribui para tornar Blade Runner um dos mais belos filmes dos últimos anos.
CONAN, O BÁRBARO (Conan, The Burbarian, 1981)
Direção: John Millus. Com Arnold Schwarzenegger. Tumes Earl Jones. Legendado.
Conan, um personagem de quadrinhos, vive na pré-história. Seus pais foram mortos quando ele era criança. E sua missão na vida é a vingança. O assassino dos pais é Thulsa Doam, líder de um grupo religioso que cultua a magia.
TROVÃO AZUL (Blue Thunder, 1983)
Direção: John Badham, Com Boy Scheider (2010) e Malcolm McDowell (If). Legendado.
Alta tecnologia no combate ao crime. Um super-helicóptero, dotado de computadores e raios laser, ajuda a caçar bandidos em Los Angeles. Ação, efeitos especiais e bom ritmo. Acabou virando um seriado na tevê.
MUSICAL
THE PUNK ROCK MOVIE (1981)
Diretor: Don Letts. Com Johnny Rotten e os Sex Pistols, The Clash, X-Ray Specs e outros. Original.
As origens do movimento punk em Londres com as bandas que o inventaram e ajudaram a revolucionar a música pop: Johnny Rolten (agora john Lydon, com a banda Public Image Limited) e X-Rav Specs (com a cantora Poly Styrene), além do Clash, valem uma sessão muito atenta.
THE POLICE AROUND THE WORLD (1982)
Diretor: Kate e Derek Burbid ge. Com agrupo The Police. Original.
Alguns momentos arrastados mas mesmo assim um excelent documentário de uma longa excursão do Police em 80 e 81. Belas imagens, inclusive as do grupo nas areias de uma praia caio ca e no bondinho. Mas ao contrário dos outros países, não há imagens do show no Rio. Embora ótimo, foi pessimamente divulgado reunindo apenas três mil pessoa: no Maracanãzinho.
DRAMA
O FUNDO DO CORAÇÃO (One From the Heart, 1982)
Direção: Francis Coppola. Com Terri Garr, Frederick Forest, Raul Julia, Nastassia Kinski, Legendado.
Malhado por crítica e público à época de seu lançamento, o filme de Coppola que custou 40 milhões de dólares e levou dois anos para ser feito começa a virar verdadeiro culto em vídeo. Primeiro filme a ser editado em vídeo. Um visual belíssimo e uma careta - porém verossímil - história de amor. Do fundo do coração.
APENAS UM GIGOLÔ (Just a Gigolo, 1979)
Diretor: David Hemmings, Com David Bowie, Sidne fome, Marlene Díetrich, David Hemmings. Legendado.
O charmoso e super cool Bowie como Paul, um gigolô de mulheres ricas. O pano de fundo é a decadente Berlim na época da ascensão do nazismo. O diretor, Hemmings, é o fotógrafo de Blow-Up.
COMÉDIA
CLUBE DOS CAFAJESTES (Animal House, 1978)
Diretor: John Landis (de Os Irmãos Cara-de-Pau e Um Lobisomem Americano em Londres). Com John Belushi e Donald Sutherland. Legendado.
Belushi, um dos melhores comediantes desta segunda metade de século (morto no ano passado com uma overdose de heroína), lidera um bando de malucos numa sátira à vida americana nos campus universitários da década de 60.
O JOVEM FRANKENSTEIN (Young Frankenstein, 1974)
Direção: Mel Brooks. Com Gene Wilder. Martv Feldman, Modeline Khan. Legendado.
Verdadeiramente hilário. Frederick Frankenstein (Wilde) é um neurocirugião que volta ao castelo de seu avô, na sinistra Transilvânia, e resolve, a partir de velhas anotações, fabricar um homem com pedaços de cadáveres. Cenários e cenas lembrando os filmes de horror de antigamente.
O INCRÍVEL EXERCITO BRANCALEONE (LArmata, 1965)
Direção: Maria Monicelli, Com Vitorio Gassman, Catherine Spaak. Legendado.
O percurso quase surrealista de uma das facções que, na Idade Média, pretendia chegar em cruzada até Jerusalém. Um grupo de alucinados e desequilibrados é comandado pelo galante e boçal Brancaleone (Gassman), uma espécie de Dom Quixote medieval e italiano.
POLICIAL
A FORÇA DE UM AMOR (Breathless, 1983)
Direção: Jim Mcfride. Com Richard Gere e Valerie Kaprisky. Legendado.
Richard Gere, transpirando energia e inquietação, é um ladrão de canas que se apaixona por uma universitária francesa de classe média, numa versão americana de O Acossado ,de Godard. Retrato perturbador de um personagem (Gere) que jogava com a vida até suas últimas conseqüências.
O AMIGO AMERICANO (The American Friend, 1977)
Direção: Wim Wenders. Com Bruno Gunz, Dennis Hopper, Li-20 Kreuzer. Legendado.
Aclamado como a maior figura do novo cinema alemão, Wenders mostra no filme a vida de um pacato restaurador de quadros ser sacudida por uma proposta insólita - a de matar uma pessoa no metrô de Paris.
Levantamento feito a partir dos videoclubes Videoclube do Brasil, Audio, Omni Video e Videoland (SP) e Videoclube Nacional, Videoplay e Videoclube do Brasil (Rio).
OLHAR ELETRÔNICO A NOVA TV
Ao sucesso! O aloprado disc-jockey Bob MacJack (foto central) dá o tom de Crig-Rá, o programa que está colocando a produtora paulista em cadeia nacional. Nesta entrevista a Sófia Maia, Marcelo Machado (foto acima) dá todos os antecedentes e coordenadas da turma responsável pelo que há de novo no ar.
Uma câmera na mão e muitas idéias na cabeça. Foi assim que, em março de 82, três irriquietas figuras fundavam a produtora independente Olhar Eletrônico. Os só dos proprietários Fernando Melretles, Paulo Morelli e Marcelo Machado compraram uma câmera profissional, arrumaram uma grana (modesta) e foram para a rua, acompanhados de uma equipe de quatro pessoas.
De lá para cá, a Olhar Eletrônico conseguiu prêmios em dois festivais de vídeo, criou a personagem hilária e irreverente do repórter Ernesto Varela (vivida pelo ator Marcelo Tas) e estabeleceu uma nova linguagem nos vídeos do Brasil.
Esta nova linguagem, rápida, bem-humorada, alinhavada por vinhetas e balões emprestados da linguagem dos quadrinhos, conseguiu jogar no vídeo justamente o que a moçada não estava vendo na televisão. Um visual recheado de rock, de uma forma de jornalismo que junta o fato ao pique freak dos clips e de um cotidiano escamoteado pelas grandes redes de televisão. A linguagem do programa Crig-Rá (o grito de guerra de Tarzã, o rei dos macacos).
"Havia outros nomes, como Tesouros da Juventude, ou Freqüência Modulada, conta Marcelo Machado. Mas existia uma identificação do pessoal da Olhar com os quadrinhos. E a necessidade de um nome com impacto forte e fácil de memorizar. Aí, um dia, alguém gritou Crig-Rá! E a macacada adorou!"
O caminho para se chegar ao Crig-Rá não foi fácil. A Olhar fez quase de tudo. As primeiras e pequenas produções fizeram o passeio ritual e inevitável pelo chamado circuito cultural de São Paulo e de outras capitais - museus, saías de vídeo, lugares de encontro de uma turma que, se gratifica pela atenção dispensada, não colabora muito no lado do necessário retorno financeiro.
O quase de tudo exclui a encomenda de um trabalho para uma indústria bélica. A Olhar teria de documentar o funcionamento de um lança-chamas. "Aí também já era demais, diz Machado, que alegou para a recusa uma questão de princípio. Mesmo com a recusa, o restante dos trabalhos permitiu à Olhar ter dinheiro para contratar pessoal e se profissionalizar.
Mistura de linguagens
Ao se unir, o grupo procurava uma fusão de suas experiências anteriores, um encontro de música, desenho, cinema, vídeo e literatura. A televisão permitia maior penetração, pegando não só o jovem mas diversas camadas etárias e sociais. E o cinema estava fora do alcance dos bolsos da turma da Olhar.
É claro que os primeiros trabalhos, como Garotos do Subúrbio e Eletroagentes, estavam carregados do que a TV convencional chamaria vícios, e que a Olhar chamou de defeitos especiais". Em Eletroagentes, por exemplo, precisavam de um cometa na tela. O cometa foi representado por dois faróis acesos em frente à câmera numa estrada escura. Só que, normalmente, não se filma pontos de luz muito fortes assim de frente. Eles produzem riscos ondulados no vídeo, considerados tecnicamente como erros.
Em Garotos do Subúrbio usaram o que chamam de corte sem remendo", Explica Machado: Sempre que se faz uma reportagem, é comum, se você cortar a imagem do entrevistado no meio da tala, colocar outra imagem no meio, um insert. Isso para não dar pulos na imagem ou na fala". Mas no final de Garotos a Olhar deixou as falas com pulo, "o que deu ritmo às imagens e ao som". Eletroagentes foi uma co-produção com Alfredo Fritz e falava sobre Itaipu. Garotos é um documentário sobre os punks paulistas.
Já acostumada com o pique, a turma do Olhar partiu para o trabalho direto. Mesmo nos fins de semana. Chato era quando chegava com os trabalhos nas emissoras de televisão. Todo mundo gostava. A resposta, porém, era invariável: Vocês estão loucos! Não dá para pôr isto no ar!" As reações serviram para mostrar aos novos profissionais da Olhar que estavam entrando na coisa de forma ingênua, num estilo meio assim de olhar para os próprios umbigos. "As pessoas não estão interessadas em comprar as coisas que a gente mais gosta de fazer", concluiu Marcelo Machado. Era necessário um esforço comercial "numa boa".
A Olhar inscreveu toda sua produção no primeiro e segundo festivais de vídeo do Museu da Imagem e do Som/Fotoptica, realizados em São Paulo em agosto de 83 e junho de 84. E levou primeiro lugar nos dois anos seguidos, um deles em regime de co-produção. Em 83, com Marli Normal, o cotidiano de uma jovem classe média. E em 1984 com Eletricidade (co-produção, mais uma vez com Fritz), um clip com a música do tecladista high-tech Kodiak Bachine, do extinto grupo Agentes. O clip usou até, em seus efeitos, os recursos do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
Padrão Japão
Os prêmios abriram as portas. A Olhar foi a campo, com Goulart de Andrade - que também estava atrás de uma fórmula para a nova reportagem na TV Gazeta, Com a ida de Goulart para a Record, a Olhar mudou-se para a Abril Vídeo. Onde até hoje permanece, com sucesso. Com Crig-Rá. Um programa baseado em um personagem central, Bob MacJack, outro tipo vivido por Marcelo Tas. MacJack, no vídeo, é um assombro. Roupinha super niu uêive, óculos escuros, a pele lambuzada de óleo brilhando para as câmaras. O homem-âncora MacJack é uma reunião dos estereótipos que estão aí. A comida plástica de cada dia, a rapidez da metrópole, o consumo acelerado da produção artística -, em especial a música, hoje descartável.
O patético MacJack fala em FM. Quer chegar a um público composto de adolescentes, de 13 a 25 anos. E o programa adota um visual próximo do japonês: "A diagramação das revistas japonesas não tem muita limpeza, tem um acúmulo de informações, muita imagem, choque. O padrão Japão é muito avançado. E a união Oriente/Ocidente dá um equilíbrio maior, uma interação universal". Recheando tudo, videoclips. E as reportagens de Sandrinha, 16 anos.
O retorno de Crig-Rá, há cinco meses no ar, é compensador. Um lbope que já chegou aos quatro pontos na Abril Vídeo (cidade de São Paulo). Cartas apaixonadas. Um público que, mesmo relativamente pequeno, é ligado e participativo, E um investimento profissional que leva a gente a acreditar - ainda bem - na vitória de um jeito novo de fazer TV.
Onde mesmo?
O Crig-Rá pode ser visto em São Paulo (capital) pela TV Gazeta, canal 11, aos domingos, 19h30. No Rio, aos sábados, 21h, pela Record, canal 9. Em Santa Catarina, também aos sábados, às 21h, pela TV Basrriga Verde, canal 9. E, finalmente, em Porto Alegre, pela TV Guaíba, canal 2, aos domingos, 19h30. O programa deverá estar aparecendo logo em Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Manaus. Fiquem antenados.
Ao sucesso! O aloprado disc-jockey Bob MacJack (foto central) dá o tom de Crig-Rá, o programa que está colocando a produtora paulista em cadeia nacional. Nesta entrevista a Sófia Maia, Marcelo Machado (foto acima) dá todos os antecedentes e coordenadas da turma responsável pelo que há de novo no ar.
Uma câmera na mão e muitas idéias na cabeça. Foi assim que, em março de 82, três irriquietas figuras fundavam a produtora independente Olhar Eletrônico. Os só dos proprietários Fernando Melretles, Paulo Morelli e Marcelo Machado compraram uma câmera profissional, arrumaram uma grana (modesta) e foram para a rua, acompanhados de uma equipe de quatro pessoas.
De lá para cá, a Olhar Eletrônico conseguiu prêmios em dois festivais de vídeo, criou a personagem hilária e irreverente do repórter Ernesto Varela (vivida pelo ator Marcelo Tas) e estabeleceu uma nova linguagem nos vídeos do Brasil.
Esta nova linguagem, rápida, bem-humorada, alinhavada por vinhetas e balões emprestados da linguagem dos quadrinhos, conseguiu jogar no vídeo justamente o que a moçada não estava vendo na televisão. Um visual recheado de rock, de uma forma de jornalismo que junta o fato ao pique freak dos clips e de um cotidiano escamoteado pelas grandes redes de televisão. A linguagem do programa Crig-Rá (o grito de guerra de Tarzã, o rei dos macacos).
"Havia outros nomes, como Tesouros da Juventude, ou Freqüência Modulada, conta Marcelo Machado. Mas existia uma identificação do pessoal da Olhar com os quadrinhos. E a necessidade de um nome com impacto forte e fácil de memorizar. Aí, um dia, alguém gritou Crig-Rá! E a macacada adorou!"
O caminho para se chegar ao Crig-Rá não foi fácil. A Olhar fez quase de tudo. As primeiras e pequenas produções fizeram o passeio ritual e inevitável pelo chamado circuito cultural de São Paulo e de outras capitais - museus, saías de vídeo, lugares de encontro de uma turma que, se gratifica pela atenção dispensada, não colabora muito no lado do necessário retorno financeiro.
O quase de tudo exclui a encomenda de um trabalho para uma indústria bélica. A Olhar teria de documentar o funcionamento de um lança-chamas. "Aí também já era demais, diz Machado, que alegou para a recusa uma questão de princípio. Mesmo com a recusa, o restante dos trabalhos permitiu à Olhar ter dinheiro para contratar pessoal e se profissionalizar.
Mistura de linguagens
Ao se unir, o grupo procurava uma fusão de suas experiências anteriores, um encontro de música, desenho, cinema, vídeo e literatura. A televisão permitia maior penetração, pegando não só o jovem mas diversas camadas etárias e sociais. E o cinema estava fora do alcance dos bolsos da turma da Olhar.
É claro que os primeiros trabalhos, como Garotos do Subúrbio e Eletroagentes, estavam carregados do que a TV convencional chamaria vícios, e que a Olhar chamou de defeitos especiais". Em Eletroagentes, por exemplo, precisavam de um cometa na tela. O cometa foi representado por dois faróis acesos em frente à câmera numa estrada escura. Só que, normalmente, não se filma pontos de luz muito fortes assim de frente. Eles produzem riscos ondulados no vídeo, considerados tecnicamente como erros.
Em Garotos do Subúrbio usaram o que chamam de corte sem remendo", Explica Machado: Sempre que se faz uma reportagem, é comum, se você cortar a imagem do entrevistado no meio da tala, colocar outra imagem no meio, um insert. Isso para não dar pulos na imagem ou na fala". Mas no final de Garotos a Olhar deixou as falas com pulo, "o que deu ritmo às imagens e ao som". Eletroagentes foi uma co-produção com Alfredo Fritz e falava sobre Itaipu. Garotos é um documentário sobre os punks paulistas.
Já acostumada com o pique, a turma do Olhar partiu para o trabalho direto. Mesmo nos fins de semana. Chato era quando chegava com os trabalhos nas emissoras de televisão. Todo mundo gostava. A resposta, porém, era invariável: Vocês estão loucos! Não dá para pôr isto no ar!" As reações serviram para mostrar aos novos profissionais da Olhar que estavam entrando na coisa de forma ingênua, num estilo meio assim de olhar para os próprios umbigos. "As pessoas não estão interessadas em comprar as coisas que a gente mais gosta de fazer", concluiu Marcelo Machado. Era necessário um esforço comercial "numa boa".
A Olhar inscreveu toda sua produção no primeiro e segundo festivais de vídeo do Museu da Imagem e do Som/Fotoptica, realizados em São Paulo em agosto de 83 e junho de 84. E levou primeiro lugar nos dois anos seguidos, um deles em regime de co-produção. Em 83, com Marli Normal, o cotidiano de uma jovem classe média. E em 1984 com Eletricidade (co-produção, mais uma vez com Fritz), um clip com a música do tecladista high-tech Kodiak Bachine, do extinto grupo Agentes. O clip usou até, em seus efeitos, os recursos do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
Padrão Japão
Os prêmios abriram as portas. A Olhar foi a campo, com Goulart de Andrade - que também estava atrás de uma fórmula para a nova reportagem na TV Gazeta, Com a ida de Goulart para a Record, a Olhar mudou-se para a Abril Vídeo. Onde até hoje permanece, com sucesso. Com Crig-Rá. Um programa baseado em um personagem central, Bob MacJack, outro tipo vivido por Marcelo Tas. MacJack, no vídeo, é um assombro. Roupinha super niu uêive, óculos escuros, a pele lambuzada de óleo brilhando para as câmaras. O homem-âncora MacJack é uma reunião dos estereótipos que estão aí. A comida plástica de cada dia, a rapidez da metrópole, o consumo acelerado da produção artística -, em especial a música, hoje descartável.
O patético MacJack fala em FM. Quer chegar a um público composto de adolescentes, de 13 a 25 anos. E o programa adota um visual próximo do japonês: "A diagramação das revistas japonesas não tem muita limpeza, tem um acúmulo de informações, muita imagem, choque. O padrão Japão é muito avançado. E a união Oriente/Ocidente dá um equilíbrio maior, uma interação universal". Recheando tudo, videoclips. E as reportagens de Sandrinha, 16 anos.
O retorno de Crig-Rá, há cinco meses no ar, é compensador. Um lbope que já chegou aos quatro pontos na Abril Vídeo (cidade de São Paulo). Cartas apaixonadas. Um público que, mesmo relativamente pequeno, é ligado e participativo, E um investimento profissional que leva a gente a acreditar - ainda bem - na vitória de um jeito novo de fazer TV.
Onde mesmo?
O Crig-Rá pode ser visto em São Paulo (capital) pela TV Gazeta, canal 11, aos domingos, 19h30. No Rio, aos sábados, 21h, pela Record, canal 9. Em Santa Catarina, também aos sábados, às 21h, pela TV Basrriga Verde, canal 9. E, finalmente, em Porto Alegre, pela TV Guaíba, canal 2, aos domingos, 19h30. O programa deverá estar aparecendo logo em Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Manaus. Fiquem antenados.
CLIP
LEGIÃO URBANA
O grupo brasiliense veio até São Paulo para fazer, com a turma do Olhar Eletrônico, seu primeiro clip. Simples e despojado, como manda o som da banda: externas na noite metropolitana e tomadas em ação no Rose Bom Bom (onde deram o show). De câmera na mão, Virgínia Fonseca acompanhou a filmagem e a edição.
Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entender
Será que nada vai acontecer
Será que é tudo isso em vão
Será que vamos conseguir vencer
Brigar pra quê
Se é sem querer
Quem é que vai nos proteger
Será que vamos ter que responder
Pelos erros a mais
Eu e você
O grupo brasiliense veio até São Paulo para fazer, com a turma do Olhar Eletrônico, seu primeiro clip. Simples e despojado, como manda o som da banda: externas na noite metropolitana e tomadas em ação no Rose Bom Bom (onde deram o show). De câmera na mão, Virgínia Fonseca acompanhou a filmagem e a edição.
Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entender
Será que nada vai acontecer
Será que é tudo isso em vão
Será que vamos conseguir vencer
Brigar pra quê
Se é sem querer
Quem é que vai nos proteger
Será que vamos ter que responder
Pelos erros a mais
Eu e você
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