BIQUINI CAVADÃO
Se numa das últimas tardes preguiçosas de outono você tiver esbarrado no rádio com um grupo chamado Biquíni Cavadão, das duas uma: ou você jogou longe a caixa de chocolates e tratou de aumentar o volume aos berros de "que negócio é este!?" ou você correu ao telefone para marcar uma consulta urgente com o otorrinolaringologista, certo de estar sendo vítima de um caso agudo de alucinação aural.
Nenhuma das alternativas acima. O Biquíni não é piada, nem alucinação, apenas um dos quintetos mais afiados que surgiram na cena carioca nos últimos meses. Misturando teclados tecno-multitexturizados, harmonias pop remanescentes dos Beatles e letras incisivas, o Biquíni é um rock-shake peculiar, resultado da dieta musica! ultra-eclética a que foram submetidos Bruno (vocais), Sheik (baixo), Miguel (teclados), Alvaro (bateria) e Luís Carlos (guitarra). Nutridos de muito samba, música clássica, Roberto Carlos, tecnopop inglês e alemão e bandas da nova geração de rock brasileiro, o Biquíni forjou uma sonoridade única, facilmente destacável na aridez das FMs, a tão falada identidade própria, que nasceu de uma crise de identidade.
Há dois anos o Biquíni Cavadão não era o Biquíni Cavadão e, sim, uma banda sem nome que destilava nos salões de um colégio carioca covers corretos de Kid Abelha e Trio ("da, da, da, da", lembram?) e que, na falta de uma guitarra, apoiava seu som nas muitas possibilidades de um sintetizador. Muita gente entrou e saiu do grupo, fundado por Bruno e Sheik, mas nenhum dos ex ou novos integrantes conseguia solucionar o Mistério do Nome Que Faltava. "A gente ficava debruçado no dicionário", lembra Bruno, "tentando achar nomes diferentes e acabava não achando nada de bom. O grupo quase se chamou Hipopótamos de Kart, ou, então, Lambrodocidus Angelibarba (o nome de um peixinho abissal), até que um amigo nosso (iniciais: H.V.), vendo aquela confusão toda, disse: Ah, põe Biquíni Cavadão e acabou o assunto". E ficou sendo Biquíni Cavadão. Eu fui contra, achava bobo, mas todo mundo gostava e acabei gostando também."
O desgosto inicial de Bruno é compreensível. Qualquer desavisado já imaginaria cavadettes devidamente embiquinadas deliciando platéias com passinhos a go-go. Mas, por outro lado, imagine só ter peito suficiente para batizar seu próprio grupo de Biquíni Cavadão e não ser um bando de débeis mentais - ou um pré-fabricado qualquer - dispostos a tudo para levantar uma grana. O Biquíni, contra qualquer expectativa, não é engraçadinho. Pelo contrário, suas letras são argutos comentários sociais, tão sérias quanto um adolescente pode ser (todos do grupo estão na faixa dos 18,19 anos).
"Tédio", o compacto de estréia do Biquíni, é uma bela crítica ao marasmo das jornadas escolares e começou a nascer numa aula de Física que Sheik assistia, "mas tinha algumas referências a coisas de fora, como tédio, eu não tenho programa... tédio, eu não durmo de pijama, e, no fim, acabou virando uma coisa mais ampla". Resultado: um claro flagra do estado de espírito do estudante, em particular, e do jovem, em geral. Parafraseando Herbert Vianna, que emprestou guitarras e idéias à gravação de "Tédio", atrás do bom humor do Biquíni tem uma seriedade legal.
Mas tudo isso poderia ter ficado restrito aos muros do Colégio São Vicente, não fosse o empenho do produtor Beni (ex-baterista do Kid Abelha), que apressou-se em gravar uma fita-demo de "Tédio" em oito canais e levou a música à Fluminense-FM. Logo "Tédio" estava na programação e, quase em seguida, a Polygram acenava com um contrato.
Entra em cena, mais uma vez, o bom humor biquiniano. Para a assinatura do contrato o grupo escolheu a praia como cenário. Os executivos da gravadora entenderam que seria uma cerimônia informal e foram à praia... bem, como se vai à praia! Eis que, voilá, chegam os integrantes do Biquíni, na praia... vestidos a rigor.
Se numa das últimas tardes preguiçosas de outono você tiver esbarrado no rádio com um grupo chamado Biquíni Cavadão, das duas uma: ou você jogou longe a caixa de chocolates e tratou de aumentar o volume aos berros de "que negócio é este!?" ou você correu ao telefone para marcar uma consulta urgente com o otorrinolaringologista, certo de estar sendo vítima de um caso agudo de alucinação aural.
Nenhuma das alternativas acima. O Biquíni não é piada, nem alucinação, apenas um dos quintetos mais afiados que surgiram na cena carioca nos últimos meses. Misturando teclados tecno-multitexturizados, harmonias pop remanescentes dos Beatles e letras incisivas, o Biquíni é um rock-shake peculiar, resultado da dieta musica! ultra-eclética a que foram submetidos Bruno (vocais), Sheik (baixo), Miguel (teclados), Alvaro (bateria) e Luís Carlos (guitarra). Nutridos de muito samba, música clássica, Roberto Carlos, tecnopop inglês e alemão e bandas da nova geração de rock brasileiro, o Biquíni forjou uma sonoridade única, facilmente destacável na aridez das FMs, a tão falada identidade própria, que nasceu de uma crise de identidade.
Há dois anos o Biquíni Cavadão não era o Biquíni Cavadão e, sim, uma banda sem nome que destilava nos salões de um colégio carioca covers corretos de Kid Abelha e Trio ("da, da, da, da", lembram?) e que, na falta de uma guitarra, apoiava seu som nas muitas possibilidades de um sintetizador. Muita gente entrou e saiu do grupo, fundado por Bruno e Sheik, mas nenhum dos ex ou novos integrantes conseguia solucionar o Mistério do Nome Que Faltava. "A gente ficava debruçado no dicionário", lembra Bruno, "tentando achar nomes diferentes e acabava não achando nada de bom. O grupo quase se chamou Hipopótamos de Kart, ou, então, Lambrodocidus Angelibarba (o nome de um peixinho abissal), até que um amigo nosso (iniciais: H.V.), vendo aquela confusão toda, disse: Ah, põe Biquíni Cavadão e acabou o assunto". E ficou sendo Biquíni Cavadão. Eu fui contra, achava bobo, mas todo mundo gostava e acabei gostando também."
O desgosto inicial de Bruno é compreensível. Qualquer desavisado já imaginaria cavadettes devidamente embiquinadas deliciando platéias com passinhos a go-go. Mas, por outro lado, imagine só ter peito suficiente para batizar seu próprio grupo de Biquíni Cavadão e não ser um bando de débeis mentais - ou um pré-fabricado qualquer - dispostos a tudo para levantar uma grana. O Biquíni, contra qualquer expectativa, não é engraçadinho. Pelo contrário, suas letras são argutos comentários sociais, tão sérias quanto um adolescente pode ser (todos do grupo estão na faixa dos 18,19 anos).
"Tédio", o compacto de estréia do Biquíni, é uma bela crítica ao marasmo das jornadas escolares e começou a nascer numa aula de Física que Sheik assistia, "mas tinha algumas referências a coisas de fora, como tédio, eu não tenho programa... tédio, eu não durmo de pijama, e, no fim, acabou virando uma coisa mais ampla". Resultado: um claro flagra do estado de espírito do estudante, em particular, e do jovem, em geral. Parafraseando Herbert Vianna, que emprestou guitarras e idéias à gravação de "Tédio", atrás do bom humor do Biquíni tem uma seriedade legal.
Mas tudo isso poderia ter ficado restrito aos muros do Colégio São Vicente, não fosse o empenho do produtor Beni (ex-baterista do Kid Abelha), que apressou-se em gravar uma fita-demo de "Tédio" em oito canais e levou a música à Fluminense-FM. Logo "Tédio" estava na programação e, quase em seguida, a Polygram acenava com um contrato.
Entra em cena, mais uma vez, o bom humor biquiniano. Para a assinatura do contrato o grupo escolheu a praia como cenário. Os executivos da gravadora entenderam que seria uma cerimônia informal e foram à praia... bem, como se vai à praia! Eis que, voilá, chegam os integrantes do Biquíni, na praia... vestidos a rigor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário