A PEDRA QUE ROLA SOZINHA
Imagine que você é pedra. Ou melhor, pedra fundamental de um dos principais alicerces de toda a cronologia pop-rock do planeta. Imagine que você, junto com quatro outros comparsas de infância/adolescência, criou uma identidade musical que acabaria apelidada de "a maior banda de rock and roll do mundo!" (com direito a exclamação e tudo mais). Imagine que você é a epítome, a quintessência do rock. Imagine que você é o astro vivo mais fotografado do mundo. Imagine que você se chama Mick Jagger.
Quarenta e um anos, uma discografia vastamente esparramada entre o transcendental e o preguiçoso, a voz mais famosa do rock (e a mais imitada), uma carreira tão prolífica quanto controversa - pilhas de processos variados, que vão de pornografia e difamação a paternidade não assumida. Uma fortuna pessoal acumulada ao longo de turnês milionárias, um pezinho relutante no mundo do cinema, três filhas (duas adolescentes e uma bebê) e, logo quando tudo parecia monótono de tão fácil, sem desafios, a súbita opção de gravar um álbum solo.
O que é que você faz então, Mick Jagger, você, dos lábios de borracha? Deita-se na cama e manda a fama garimpar no estúdio um álbunzinho mais ou menos, do tipo "um hit sólido para tocar no rádio rodeado de encheção de lingüiça por todos os lados"? Grava um disco de clássicos do blues, daqueles que fizeram sua cabeça antes de existirem uns tais Rolling Stones? Ou arregaça as mangas, contrata um produtor "mão-de-ferro" para coibir sua auto-indulgência, convida um naipe estelar de músicos, compõe canções à vera, ajuda a criar um enorme videoclip e, ainda por cima, gerencia as finanças de toda esta operação, fazendo valer seus conhecimentos adquiridos na London School of Economics?
Pois bem, você não é Mick Jagger (embora pelo menos metade da população roqueira da Terra sonhe selo). Este cidadão já existe e tomou as decisões cabíveis. E optou pela alternativa 3 - após mais d~ duas décadas como o quinto mais famoso dos Rolling Stones, Jagger gravou Shes he Boss, um disco que decerto não mudará o curso da História, masque mesmo assim é delicioso e imperdível por apresentar ao mundo um Jagger revigorado, sintonizado com o mundo contemporâneo, em forma e disposto a provar que ainda sabe fazer bem o que melhor faz: rock e rhythmn blues.
Tudo começou em 1982, quando, após uma associação de dez anos com a Atlantic Records, os Rolling Stones resolveram entregar a distribuição de seus discos à Columbia (CBS). O novo contrato estabelecia que, a partir dali, os Stones deviam quatro álbuns á nova gravadora - como grupo - mais dois outros, a serem providenciados por Jagger, solito. O contrato antigo, com a Atlantic, foi encerrado com o álbum Undercover e, desde então, não mais se ouviu falar dos Stones. Ou de Jagger.
Até que, no ano passado, começaram a pingar daqui e de lá notinhas telegráficas que davam conta de que Jagger estava trancafiado nos estúdios Compass Point, nas Bahamas, com os produtores Sul Laswell (conhecido por seu trabalho com Nona Hendryx, Herbie Hancock e com seu próprio grupo, o Material) e Nile Rodgers (leia-se Lets Dance de David Bowie, todos os discos do grupo que ajudou a fundar, o Chic, e três faixas do novo álbum de Jeff Beck). Notinhas mais tarde, soube-se que nenhum dos outros stones compareceria às gravações, cedendo a vez a músicos como a dupla jamaicana Robbie Shakespeare (baixo) e Sly Dunbar (bateria), mais Herbie Hancock, Bernard Edwards, Jan Hammer, Pete Townshend e deff Beck.
Em novembro passado, a coisa começou a ficar mais clara - pelo menos para nós, brasileiros - quando Jagger desembarcou no Rio com o diretor Julian Temple para rodar o clip do disco - na verdade, um superclipão de duração prevista entre 45 minutos e uma hora, envolvendo todas as músicas do álbum, muitas como trilha incidental. O cast seria basicamente brasileiro, à exceção de dois papéis principais - uma namoradinha do herói da fita, encarnada por Rae Dawn Chong, e um diretor de clips, vivido por Dennis Hopper - e um papel secundário, de astro de rock, confiado ao brasinglês Ritchie.
Naturalmente, a essa altura a indústria fonográfica e a imprensa musical fervilhavam de tanta expectativa será que Jagger dará com os burros nágua? (tradução: "terá ele feito um disco tolinho e inexpressivo?"). Será esse, enfim, o canto de cisne dos Stones? Os rumores passeavam livremente porque o mais interessado no assunto - Jagger - estava de bico calado. Até que Jagger resolveu falar.
À Record Jagger foi sucinto. Garantiu que os Stones ainda têm muita estrada pela frente - estão mixando seu novo álbum e vão lançá-lo em agosto com uma turnê mundial (ouvi alguém falar em Brasil?). O disco solo, na verdade, serviu como uma injeção de ânimo na fórmula de trabalho dos Stones, "Acho que eu queria quebrar um padrão", disse Jagger. "Continuar fazendo apenas discos e mais discos dos Stones não me parecia um desafio tão especial assim. Não que eu deixe de me divertir com os Stones, mas a coisa estava ficando segura demais, porque eles são uma verdadeira instituição."
O primeiro passo em direção à quebra de padrão foi a própria ausência de stones e o empréstimo de auxílio externo. Só há uma parceria com Keith Richards no disco inteiro (Lonely at the Top) e, pela primeira vez, Jagger co-assina uma música com um não-stone, Carlos Alomar, antigo adido de um antigo rival de Mick, David Bowie (Lucky in Love e a faixa-título).
"Uma das primeiras coisas que Sul Laswell tentou me vender foi a idéia de usar músicos que tivessem personalidade", explicou Jagger à Record. "Se os músicos não tiverem personalidade própria, acabam impedindo que o disco tenha uma personalidade". Mas existe o outro lado da moeda - que personalidade resistiria à de Jagger, um exigente leonino cujos famosos atributos não incluem a modéstia? "Existem músicos que, gozado, sentem-se intimidados", contou Jagger à revista Musician. "Geralmente os mais jovens. Mas tentei ser o mais amigável possível para evitar isso. Existem muitos artistas que chegam ao estúdio, dão uma olhadinha para ver como vão as coisas, vão embora e só voltam bem mais tarde para colocar os vocais. Eu não, eu falo com as pessoas, reparto uma bebida antes de começar a trabalhar, justamente para que eles possam perder a timidez inicial ou qualquer tipo de preconceito."
E Jagger - autodenominado "artista branco de rock" - sentiu-se intimidado pelos músicos que o auxiliaram em Shes the Boss? A maioria deles são o que se convencionou chamar "gigantes do jazz". "Possivelmente eles intimidam", confessou Jagger, "mas quando concordam em fazer alguma coisa são bastante cooperativos. E dão duro. E são rápidos. E conseguem mudar. O que ocorre com os músicos de rock é que eles não dominam tantos estilos assim. Geralmente eles estão presos a um ou dois estilos. Ao passo que se você chegar para um músico como Herbie Hancock e disser esse fraseado aí não está bom, ele não ficará ofendido. Ele é capaz de inventar outros cem fraseados, Um músico de rock não tem essa facilidade."
Shes the Boss está repleto de "coisas novas", O primeiro sentimento que o disco inspira é de estranheza: basicamente a de ouvir a voz tão familiar de Jagger, tão imediatamente associável àquele tantão de sujeira técnica dos Stones, desta vez cercada de sons perfeitos, precisos. E impossível não achar que falta aquela sensação de precipício que os Stones sabem criar, a sensação de que aquela massa sonora está descontrolada, prestes a desabar a qualquer momento.
"De maneira alguma esse discoteria a cara dos Stones", concorda Jagger. "Eu poderia ter feito uma cópia bem vagabunda, mas estaria sendo estúpido demais. Muitas das músicas poderiam até ter sido tocadas pelos Stones, mas não soariam como se tivessem sido tocadas pelos Stones. O disco solo do Dave Lee Roth, por exemplo, não tem nada de Van Halen."
Imagine que você é pedra. Ou melhor, pedra fundamental de um dos principais alicerces de toda a cronologia pop-rock do planeta. Imagine que você, junto com quatro outros comparsas de infância/adolescência, criou uma identidade musical que acabaria apelidada de "a maior banda de rock and roll do mundo!" (com direito a exclamação e tudo mais). Imagine que você é a epítome, a quintessência do rock. Imagine que você é o astro vivo mais fotografado do mundo. Imagine que você se chama Mick Jagger.
Quarenta e um anos, uma discografia vastamente esparramada entre o transcendental e o preguiçoso, a voz mais famosa do rock (e a mais imitada), uma carreira tão prolífica quanto controversa - pilhas de processos variados, que vão de pornografia e difamação a paternidade não assumida. Uma fortuna pessoal acumulada ao longo de turnês milionárias, um pezinho relutante no mundo do cinema, três filhas (duas adolescentes e uma bebê) e, logo quando tudo parecia monótono de tão fácil, sem desafios, a súbita opção de gravar um álbum solo.
O que é que você faz então, Mick Jagger, você, dos lábios de borracha? Deita-se na cama e manda a fama garimpar no estúdio um álbunzinho mais ou menos, do tipo "um hit sólido para tocar no rádio rodeado de encheção de lingüiça por todos os lados"? Grava um disco de clássicos do blues, daqueles que fizeram sua cabeça antes de existirem uns tais Rolling Stones? Ou arregaça as mangas, contrata um produtor "mão-de-ferro" para coibir sua auto-indulgência, convida um naipe estelar de músicos, compõe canções à vera, ajuda a criar um enorme videoclip e, ainda por cima, gerencia as finanças de toda esta operação, fazendo valer seus conhecimentos adquiridos na London School of Economics?
Pois bem, você não é Mick Jagger (embora pelo menos metade da população roqueira da Terra sonhe selo). Este cidadão já existe e tomou as decisões cabíveis. E optou pela alternativa 3 - após mais d~ duas décadas como o quinto mais famoso dos Rolling Stones, Jagger gravou Shes he Boss, um disco que decerto não mudará o curso da História, masque mesmo assim é delicioso e imperdível por apresentar ao mundo um Jagger revigorado, sintonizado com o mundo contemporâneo, em forma e disposto a provar que ainda sabe fazer bem o que melhor faz: rock e rhythmn blues.
Tudo começou em 1982, quando, após uma associação de dez anos com a Atlantic Records, os Rolling Stones resolveram entregar a distribuição de seus discos à Columbia (CBS). O novo contrato estabelecia que, a partir dali, os Stones deviam quatro álbuns á nova gravadora - como grupo - mais dois outros, a serem providenciados por Jagger, solito. O contrato antigo, com a Atlantic, foi encerrado com o álbum Undercover e, desde então, não mais se ouviu falar dos Stones. Ou de Jagger.
Até que, no ano passado, começaram a pingar daqui e de lá notinhas telegráficas que davam conta de que Jagger estava trancafiado nos estúdios Compass Point, nas Bahamas, com os produtores Sul Laswell (conhecido por seu trabalho com Nona Hendryx, Herbie Hancock e com seu próprio grupo, o Material) e Nile Rodgers (leia-se Lets Dance de David Bowie, todos os discos do grupo que ajudou a fundar, o Chic, e três faixas do novo álbum de Jeff Beck). Notinhas mais tarde, soube-se que nenhum dos outros stones compareceria às gravações, cedendo a vez a músicos como a dupla jamaicana Robbie Shakespeare (baixo) e Sly Dunbar (bateria), mais Herbie Hancock, Bernard Edwards, Jan Hammer, Pete Townshend e deff Beck.
Em novembro passado, a coisa começou a ficar mais clara - pelo menos para nós, brasileiros - quando Jagger desembarcou no Rio com o diretor Julian Temple para rodar o clip do disco - na verdade, um superclipão de duração prevista entre 45 minutos e uma hora, envolvendo todas as músicas do álbum, muitas como trilha incidental. O cast seria basicamente brasileiro, à exceção de dois papéis principais - uma namoradinha do herói da fita, encarnada por Rae Dawn Chong, e um diretor de clips, vivido por Dennis Hopper - e um papel secundário, de astro de rock, confiado ao brasinglês Ritchie.
Naturalmente, a essa altura a indústria fonográfica e a imprensa musical fervilhavam de tanta expectativa será que Jagger dará com os burros nágua? (tradução: "terá ele feito um disco tolinho e inexpressivo?"). Será esse, enfim, o canto de cisne dos Stones? Os rumores passeavam livremente porque o mais interessado no assunto - Jagger - estava de bico calado. Até que Jagger resolveu falar.
À Record Jagger foi sucinto. Garantiu que os Stones ainda têm muita estrada pela frente - estão mixando seu novo álbum e vão lançá-lo em agosto com uma turnê mundial (ouvi alguém falar em Brasil?). O disco solo, na verdade, serviu como uma injeção de ânimo na fórmula de trabalho dos Stones, "Acho que eu queria quebrar um padrão", disse Jagger. "Continuar fazendo apenas discos e mais discos dos Stones não me parecia um desafio tão especial assim. Não que eu deixe de me divertir com os Stones, mas a coisa estava ficando segura demais, porque eles são uma verdadeira instituição."
O primeiro passo em direção à quebra de padrão foi a própria ausência de stones e o empréstimo de auxílio externo. Só há uma parceria com Keith Richards no disco inteiro (Lonely at the Top) e, pela primeira vez, Jagger co-assina uma música com um não-stone, Carlos Alomar, antigo adido de um antigo rival de Mick, David Bowie (Lucky in Love e a faixa-título).
"Uma das primeiras coisas que Sul Laswell tentou me vender foi a idéia de usar músicos que tivessem personalidade", explicou Jagger à Record. "Se os músicos não tiverem personalidade própria, acabam impedindo que o disco tenha uma personalidade". Mas existe o outro lado da moeda - que personalidade resistiria à de Jagger, um exigente leonino cujos famosos atributos não incluem a modéstia? "Existem músicos que, gozado, sentem-se intimidados", contou Jagger à revista Musician. "Geralmente os mais jovens. Mas tentei ser o mais amigável possível para evitar isso. Existem muitos artistas que chegam ao estúdio, dão uma olhadinha para ver como vão as coisas, vão embora e só voltam bem mais tarde para colocar os vocais. Eu não, eu falo com as pessoas, reparto uma bebida antes de começar a trabalhar, justamente para que eles possam perder a timidez inicial ou qualquer tipo de preconceito."
E Jagger - autodenominado "artista branco de rock" - sentiu-se intimidado pelos músicos que o auxiliaram em Shes the Boss? A maioria deles são o que se convencionou chamar "gigantes do jazz". "Possivelmente eles intimidam", confessou Jagger, "mas quando concordam em fazer alguma coisa são bastante cooperativos. E dão duro. E são rápidos. E conseguem mudar. O que ocorre com os músicos de rock é que eles não dominam tantos estilos assim. Geralmente eles estão presos a um ou dois estilos. Ao passo que se você chegar para um músico como Herbie Hancock e disser esse fraseado aí não está bom, ele não ficará ofendido. Ele é capaz de inventar outros cem fraseados, Um músico de rock não tem essa facilidade."
Shes the Boss está repleto de "coisas novas", O primeiro sentimento que o disco inspira é de estranheza: basicamente a de ouvir a voz tão familiar de Jagger, tão imediatamente associável àquele tantão de sujeira técnica dos Stones, desta vez cercada de sons perfeitos, precisos. E impossível não achar que falta aquela sensação de precipício que os Stones sabem criar, a sensação de que aquela massa sonora está descontrolada, prestes a desabar a qualquer momento.
"De maneira alguma esse discoteria a cara dos Stones", concorda Jagger. "Eu poderia ter feito uma cópia bem vagabunda, mas estaria sendo estúpido demais. Muitas das músicas poderiam até ter sido tocadas pelos Stones, mas não soariam como se tivessem sido tocadas pelos Stones. O disco solo do Dave Lee Roth, por exemplo, não tem nada de Van Halen."
Quem é quem em Shes the Boss
Robble Shakespeare e Sly Dunbar
Respectivamente baixista e baterista, são coletivamente conhecidos como os Riddim Twins (Os Gêmeos do Ritmo). Ex-integrantes da banda de Peter Tosh e do Black Uhuru, eles são encontráveis em qualquer disco que se pretenda atual. Já tocaram com Sob Dylan, Grace Jones, Tom Tom Club, Dames Brown.
Bernard Edwards
Baixista, fundou o Chio com Nile Rodgers, nos anos 70. Produziu o LP do Power Station.
Tony Thompson
Baterista, do Chic, já emprestou seus serviços a David Bowie e participou do Power Station.
Mike Shriove
Foi o primeiro baterista do Santana. Mais tarde, fundou o Novo Combo, já extinto.
Jan Hammer
Tecladista da primeira formação da Mahavishnu Orchestra e formou dupla em discos e palcos com Neal Schonn, guitarrista do Journey.
Herbie Hancock
Ex-pianista de Miles Davis, atual gênio do hip hop.
Pete Townshend
Fundador do Who, Pete é veterano colaborador dos Stones, Já participou do ainda inédito Rock and Roll Circus, programa de TV idealizado pelos próprios Stones em 1968. Cantou e tocou guitarra em Slave, faixa do álbum Tatoo You (81).
Jeff Beck
Guitarrista fundador do Yardbyrds, descobridor de Rod Stewart, Jeff por pouco não fez parte dos Stones, em 1973. Diz a lenda que ele desistiu da idéia por não ter gostado da seção rítmica da banda.
Chuck Leavell
Ex-tecladista do Allman Brothers, Chuck chegou a ter sua própria banda, Sea Level. Já trabalhara antes com os Stones em Tatoo You.
Shes the Boss está nas ruas há semanas, mas e o clipão? Somente um trechinho é conhecido do público - a faixa Just Another Night, ambientada na gafieira Estudantina, no Rio. Ninguém havia conseguido explicar a contento o conteúdo do clipão. Nem mesmo Walther Salles Jr., capitão da brasileira independente Intervídeo - brindada com o contrato de feitura de um documentário nos moldes de The Making of Michael Jacksons Thriller.
Em meados de fevereiro ele estava às voltas com entraves burocráticos que dificultavam a conclusão do Making of. Inicialmente encomendado para exibição na MTV, o trabalho da Intervídeo estava ameaçado de jamais ver a luz do dia. A mais recente previsão é de que o documentário fará parte de um pacote, junto com o cupão, para venda em lojas. Mas naquele fevereiro, quando tentei extrair de Walther uma idéia mais clara do roteiro do clip, não consegui grande coisa, apenas imagens fragmentadas, sem muita ligação entre elas.
Graças ao bom Deus existe Julien Temple que - bolas - roteirizou e dirigiu o clip. E ele resolveu contar tudo à revista BAM!
"Mick e Jerry (Hall, a atual sra. Jagger) fazem um casal pop bem absurdo, mais para Rod Stewart do que para Mick Jagger. Dennis Hopper é um diretor de vídeo asinino que vai filmar um clip no Brasil mas sem ter a mínima idéia do que pretende fazer. De repente ele resolve recriar West Side Story e, então, constrói todo um cenário de Nova York no Rio e faz um vídeo estúpido com brigas de faca, gangues, dançarinos... e Mick completamente bêbado. A coisa acaba se transformando em carnaval. Jerry e Mick estão brigados e ficam disputando para ver quem provoca mais ciúmes no outro. Mick agarra três dançarinas e as leva para seu trailler. Lá ele descobre que são três travestis e acaba levando uma surra deles. Roubam tudo de Mick - dinheiro, passaporte - e o abandonam dentro de um caminhão que transporta carne. No dia seguinte, Jerry se cansa de procurar por Mick e volta para casa. Depois, todos pensam que ele morreu, pois um dos travestis é achado morto, com o passaporte de Mick no bolso."
Após ser preso no tal caminhão, Jagger vai parar numa fazenda do interior. A dona da fazenda é Norma Bengell - a trilha da seqüência é Shes the Boss, O astro é submetido a inenarráveis maus-tratos e a variadas maratonas de sexo, mas consegue escapar. Ainda duro, ele descobre um cassino clandestino, onde perde muita grana (Lucky in Love), e acaba indo em cana. Na prisão, faz amizade com os presos e, num golpe de mestre, liberta todos os altamente periculosos ao som de Secrets. Na fuga ele é ajudado por uma namoradinha (Rae Chong), que seduz o diretor da penitenciária. Tudo resolvido, os dois vão festejar numa gafieira. Mas o astro tem saudades de casa. Quando chega ao aeroporto, reencontra o diretor de clip, que está de volta ao Brasil para rodar outro vídeo, com outro astro (Ritchie). Quando percebe a presença de caçadores de autógrafos, o astro que parte se enche de alegria. Logo murcha quando descobre que todas as atenções estão voltadas exclusivamente para o astro que chega. E a história termina por aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário