BITS BIZZ
O Kurzwell e outros cérebros eletrônicos
Ninguém vai negar que Stevie Wonder é um gênio. Mas, para o Oscar que ganhou com a música de The Woman in Red, ele teve a colaboração de outro gênio: o da eletrônica, A música que fez para o filme foi toda composta com o teclado Kurzweil 250, invenção de Raymond Kurzweil. sugerida pelo, próprio Wonder.
Stevie usava, há tempos, urna outra invenção de Kurzweil, que lê texto impresso para cegos (o inventor está agora criando um processador de palavras que obedece a comandos vocais). Stevie sugeriu a idéia: por que não fazer urna máquina que produzisse o som rico e profundo de instrumentos acústicos, mas com todos os efeitos dos melhores sintetizadores?
O resultado, que já está à venda nos Estados Unidos por 11 mil dólares, é o teclado 250, que quebrou a barreira entre sons naturais e sons reproduzidos. Tem incorporados 30 instrumentos acústicos, de guitarras a baterias, pode registrar qualquer som natural em sua memória e reproduz um coral perfeitamente.
Para amadores, ainda é um sonho. Mas, mesmo para quem tem ambições iniciais menores, o casamento de música simples e computadores domésticos 1á tem muito a oferecer.
Várias companhias americanas - corno a Waveforrn, Electronic Arts, Mindscape, Spinmaker, Scarborough Systems, Sight & Sound oferecem programas para omputadores domésticos que permitem compor melodias na tela, e tocá-las através de um alto-falante incorporado ao computador.
Para multiplicar esta capacidade, basta conectar seu computador com um sintetizador musical que tenha conexão MIDI (musical instrument digital interface), e com um sistema de som em estéreo. A partir daí, você pode usar coisas como o: disquetes da Passport Design. E experimentar, no teclado, diferentes arranjos para a música gravada no disquete, designando partes para várias vozes e instrumentos.
Enquanto a música toca, suas notas aparecem coloridas na tela d terminal, como uma "partitura animada", A Sight & Sound lançou, aliás um programa que permite, além de fazer arranjos para canções, cria seus próprios videoclips, com imagens - gráficas eletrônicas, para acompanhar a música.
Um dos segredos é a conexão MI DI, que também permite a um tecla dista acionar vários sintetizadores ao mesmo tempo, dando a concertos ao vivo aquela impressão de som "em camadas", feita nos estúdios com muitas faixas de gravação superpostas. Este mesmo efeito pode ser conseguido com RocknRhythm, um programa da Spinmaker para Commodores-6Z com disk drives, ou compatíveis. O Rock Rhythm transforma o computador num verdadeiro estúdio, e o teclado é o do próprio computador.
Para compor música mais complicada, acaba de surgir um programa que é um verdadeiro "processador de palavras, em relação à música: é o Bank Stree~ Musicwriter, da Mindscape, para C-64 com disk drive. Além de escrever, corrigir, moduquelar e harmonizar, este programa imprime partituras. As instruções, incluem orientação dentro do próprio programa em andamento, são claras e simples, com uma ótima introdução à com" posição, e notação musical E difícil achar programa melhor para o iniciante que queira experimentar o gostinho de compor sua própria música.
A literatura faz o jogo
As produtoras de videojogos finalmente entenderam: ninguém suportava mais a infantilidade dos jogos em que a única coisa a fazer é atirar contra foguetes espaciais, explodir planetas ou ajudar sapinhos a atravessarem rios cheios de crocodilos eletrônicos.
Uma idéia simples e genial está dando origem a vários videojogos que, além de agilidade, exigem inteligência e perspicácia. São videojogos baseados em livros de sucesso. Para alguns críticos, são mais que videojogos: apontam para uma nova forma de literatura, a "ficção interativa".
"Interativa" porque o jogador, em vez de ser mero leitor, se torna um ator. Toma decisões e escolhe caminhos, enquanto acompanha aventuras baseadas em livros como Fahrenheit 451, de Ray Bradbury; Rendez- Vous With Rama, de Arthur 0, Olarke; Robots of Dawn, de Isaac Asimov.
A maioria dos novos videojogos literários é inspirada em autores de ficção científica, mas a nova idéia será sem dúvida aplicada também a outros gêneros de romances. Arthur 0. Olarke (o autor de 2001, que já previa esta literatura eletrônica há 20 anos) está entusiasmado:
- Escrevi um final totalmente novo, para a versão em videojogo de Rama. A missão do "leitor" é explorar uma nave, espacial alienígena, com 20 quilômetros de comprimentos, e descobrir de onde veio, o que veio fazer.
Em Fahrenheit 451, também lançado pela Trillium americana, o problema é redescobrir a literatura e salvar a cultura mundial, numa Nova York futura em que os livros são proibidos, como no livro e no filme do mesmo nome.
Há uma expedição e um tesouro em jóias, perdidos na selva de Amazon, um jogo escrito pelo romancista Michael Crichton, talvez a primeira obra inteiramente original desta nova literatura interativa.
Byron Preiss, que produziu a maioria dos jogos da Trillium, já tem pedidos de vários outros livros adaptados, e de obras originais:
- Os autores ficaram fascinados com a idéia de livros que dialogam com o leitor, movimentam-se, tocam música, reagem.
Para o público mais jovem, a Trillium está lançando a mesma idéia em adaptação de livros mais simples, como O Mágico de Oz, Robin Hood, A Ilha do Tesouro. (Todos estes jogos, lançados recentemente nos Estados Unidos, podem ser usados em computadores Apple II, Comodore 64 com disk drive ou modelos compatíveis.)
Ninguém vai negar que Stevie Wonder é um gênio. Mas, para o Oscar que ganhou com a música de The Woman in Red, ele teve a colaboração de outro gênio: o da eletrônica, A música que fez para o filme foi toda composta com o teclado Kurzweil 250, invenção de Raymond Kurzweil. sugerida pelo, próprio Wonder.
Stevie usava, há tempos, urna outra invenção de Kurzweil, que lê texto impresso para cegos (o inventor está agora criando um processador de palavras que obedece a comandos vocais). Stevie sugeriu a idéia: por que não fazer urna máquina que produzisse o som rico e profundo de instrumentos acústicos, mas com todos os efeitos dos melhores sintetizadores?
O resultado, que já está à venda nos Estados Unidos por 11 mil dólares, é o teclado 250, que quebrou a barreira entre sons naturais e sons reproduzidos. Tem incorporados 30 instrumentos acústicos, de guitarras a baterias, pode registrar qualquer som natural em sua memória e reproduz um coral perfeitamente.
Para amadores, ainda é um sonho. Mas, mesmo para quem tem ambições iniciais menores, o casamento de música simples e computadores domésticos 1á tem muito a oferecer.
Várias companhias americanas - corno a Waveforrn, Electronic Arts, Mindscape, Spinmaker, Scarborough Systems, Sight & Sound oferecem programas para omputadores domésticos que permitem compor melodias na tela, e tocá-las através de um alto-falante incorporado ao computador.
Para multiplicar esta capacidade, basta conectar seu computador com um sintetizador musical que tenha conexão MIDI (musical instrument digital interface), e com um sistema de som em estéreo. A partir daí, você pode usar coisas como o: disquetes da Passport Design. E experimentar, no teclado, diferentes arranjos para a música gravada no disquete, designando partes para várias vozes e instrumentos.
Enquanto a música toca, suas notas aparecem coloridas na tela d terminal, como uma "partitura animada", A Sight & Sound lançou, aliás um programa que permite, além de fazer arranjos para canções, cria seus próprios videoclips, com imagens - gráficas eletrônicas, para acompanhar a música.
Um dos segredos é a conexão MI DI, que também permite a um tecla dista acionar vários sintetizadores ao mesmo tempo, dando a concertos ao vivo aquela impressão de som "em camadas", feita nos estúdios com muitas faixas de gravação superpostas. Este mesmo efeito pode ser conseguido com RocknRhythm, um programa da Spinmaker para Commodores-6Z com disk drives, ou compatíveis. O Rock Rhythm transforma o computador num verdadeiro estúdio, e o teclado é o do próprio computador.
Para compor música mais complicada, acaba de surgir um programa que é um verdadeiro "processador de palavras, em relação à música: é o Bank Stree~ Musicwriter, da Mindscape, para C-64 com disk drive. Além de escrever, corrigir, moduquelar e harmonizar, este programa imprime partituras. As instruções, incluem orientação dentro do próprio programa em andamento, são claras e simples, com uma ótima introdução à com" posição, e notação musical E difícil achar programa melhor para o iniciante que queira experimentar o gostinho de compor sua própria música.
A literatura faz o jogo
As produtoras de videojogos finalmente entenderam: ninguém suportava mais a infantilidade dos jogos em que a única coisa a fazer é atirar contra foguetes espaciais, explodir planetas ou ajudar sapinhos a atravessarem rios cheios de crocodilos eletrônicos.
Uma idéia simples e genial está dando origem a vários videojogos que, além de agilidade, exigem inteligência e perspicácia. São videojogos baseados em livros de sucesso. Para alguns críticos, são mais que videojogos: apontam para uma nova forma de literatura, a "ficção interativa".
"Interativa" porque o jogador, em vez de ser mero leitor, se torna um ator. Toma decisões e escolhe caminhos, enquanto acompanha aventuras baseadas em livros como Fahrenheit 451, de Ray Bradbury; Rendez- Vous With Rama, de Arthur 0, Olarke; Robots of Dawn, de Isaac Asimov.
A maioria dos novos videojogos literários é inspirada em autores de ficção científica, mas a nova idéia será sem dúvida aplicada também a outros gêneros de romances. Arthur 0. Olarke (o autor de 2001, que já previa esta literatura eletrônica há 20 anos) está entusiasmado:
- Escrevi um final totalmente novo, para a versão em videojogo de Rama. A missão do "leitor" é explorar uma nave, espacial alienígena, com 20 quilômetros de comprimentos, e descobrir de onde veio, o que veio fazer.
Em Fahrenheit 451, também lançado pela Trillium americana, o problema é redescobrir a literatura e salvar a cultura mundial, numa Nova York futura em que os livros são proibidos, como no livro e no filme do mesmo nome.
Há uma expedição e um tesouro em jóias, perdidos na selva de Amazon, um jogo escrito pelo romancista Michael Crichton, talvez a primeira obra inteiramente original desta nova literatura interativa.
Byron Preiss, que produziu a maioria dos jogos da Trillium, já tem pedidos de vários outros livros adaptados, e de obras originais:
- Os autores ficaram fascinados com a idéia de livros que dialogam com o leitor, movimentam-se, tocam música, reagem.
Para o público mais jovem, a Trillium está lançando a mesma idéia em adaptação de livros mais simples, como O Mágico de Oz, Robin Hood, A Ilha do Tesouro. (Todos estes jogos, lançados recentemente nos Estados Unidos, podem ser usados em computadores Apple II, Comodore 64 com disk drive ou modelos compatíveis.)
HÁ CINCO ANOS, A PERDA DE UM POETA
Manchester, Inglaterra, 18 de maio de 1980. Aos 23 anos, um dos maiores poetas do rock - Ian Curtis, vocalista e letrista do Joy Division - desliga a TV. Acabara de assistir Stroszek, filme de seu cineasta predileto, o alemão Werner Herzog. Sobe ate o quarto e enforca-se com os lençois
Joy Division, ou Divisão da Alegria", era o nome reservado à ala das prostitutas nos campos de concentração nazistas. Na avalanche de bandas formadas sob estímulo direto dos Sex Pistols, Joy Division foi um corte incicatrizável.
Começaram, em 77, como uma banda de puro punk, muito parecida (ficou registrada em um pirata) com os Buzzcocks, também de Manchester. O nome, Warsaw - ou Varsóvia -,tirado de um lúgubre instrumental de Low, primeiro LP da trilogia gravada por Bowie em Berlim.
A troca de nome, um ano depois, traz uma profunda metamorfose. O ritmo desacelera, as frases de guitarra adotam uma circularidade claustrofóbica e o baixo sobressai como o instrumento mais melódico. E o quase heavy metal, pesado mas entorpecido, que está no primeiro LP - Unknown Pleasures (79) - e faz o critico Stephen Grant dizer: "O Joy Division está para o heavy metal como a antimatéria está para a matéria".
A nova identidade fica completa na voz de Ian - assumindo um tom mais grave, descendente direto de Jim Morrison, em perpétua oscilação entre a descrença e a fé, As letras, então, ampliam para um painel desesperador. Uma obsessão com o passar do tempo, o fim da adolescência e a corrupção de todas suas promessas. Acrescidas de sintetizadores pelo produtor Martin Hannett, em Closer- o segundo LP, lançado pouco depois do suicídio de Curtis -, estas letras apontam para a solidão e para a morte em tom de celebração religiosa. Hannet chegou a construir uma redoma de gesso no estúdio, para obter a sonoridade de uma capela. E a capa traz uma Paixão de Cristo em estilo gótico.
Com sua morte, Ian Curtis virou instantaneamente objeto de culto, como indicam as dezenas de discos piratas da banda. E o Joy Division, antes adorado apenas por um fanático mas pequeno séquito, fez a fortuna da Factory, a gravadora indeí5endente de Manchester. O resto da banda segue - acrescido da tecladista Gíllian Gilbert - com o nome de New Order. Exorcizam o fantasma de seu poeta partindo para um melancólico porém dançante pop eletrônico. Com o guitarrista Bernard Sumner nos vocais, estão já no terceiro LP, Low Lfe. Melhor que ninguém, sabiam que não poderia haver Joy Division sem a poesia em transe de Ian Curtis.
Em um Lugar Solitário (In a Lonely Place)
Acariciando o mármore e a laje
Amor em especial por alguém
O desperdício na febre que aqueci
Como eu queria que você estivesse
aqui comigo agora
Corpo que se encolhe e esconde
Arcos que trazem freqüentes delícias
Quente como um cachorro ao redor dos pés
Como eu queria que você estivesse
aqui comigo agora
O carrasco olha para os lados enquanto espera
Na forca, a corda se estica e então quebra
Um dia nós morreremos em seus sonhos
Como eu queria que estivéssemos
aqui com você agora
Últimas das últimas letras escritas por Ian Curtis, In a Lonely Place não chegou a ser gravada em sua voz. A canção está no lado B do compacto Ceremony, o primeiro lançamento do New Order.
Manchester, Inglaterra, 18 de maio de 1980. Aos 23 anos, um dos maiores poetas do rock - Ian Curtis, vocalista e letrista do Joy Division - desliga a TV. Acabara de assistir Stroszek, filme de seu cineasta predileto, o alemão Werner Herzog. Sobe ate o quarto e enforca-se com os lençois
Joy Division, ou Divisão da Alegria", era o nome reservado à ala das prostitutas nos campos de concentração nazistas. Na avalanche de bandas formadas sob estímulo direto dos Sex Pistols, Joy Division foi um corte incicatrizável.
Começaram, em 77, como uma banda de puro punk, muito parecida (ficou registrada em um pirata) com os Buzzcocks, também de Manchester. O nome, Warsaw - ou Varsóvia -,tirado de um lúgubre instrumental de Low, primeiro LP da trilogia gravada por Bowie em Berlim.
A troca de nome, um ano depois, traz uma profunda metamorfose. O ritmo desacelera, as frases de guitarra adotam uma circularidade claustrofóbica e o baixo sobressai como o instrumento mais melódico. E o quase heavy metal, pesado mas entorpecido, que está no primeiro LP - Unknown Pleasures (79) - e faz o critico Stephen Grant dizer: "O Joy Division está para o heavy metal como a antimatéria está para a matéria".
A nova identidade fica completa na voz de Ian - assumindo um tom mais grave, descendente direto de Jim Morrison, em perpétua oscilação entre a descrença e a fé, As letras, então, ampliam para um painel desesperador. Uma obsessão com o passar do tempo, o fim da adolescência e a corrupção de todas suas promessas. Acrescidas de sintetizadores pelo produtor Martin Hannett, em Closer- o segundo LP, lançado pouco depois do suicídio de Curtis -, estas letras apontam para a solidão e para a morte em tom de celebração religiosa. Hannet chegou a construir uma redoma de gesso no estúdio, para obter a sonoridade de uma capela. E a capa traz uma Paixão de Cristo em estilo gótico.
Com sua morte, Ian Curtis virou instantaneamente objeto de culto, como indicam as dezenas de discos piratas da banda. E o Joy Division, antes adorado apenas por um fanático mas pequeno séquito, fez a fortuna da Factory, a gravadora indeí5endente de Manchester. O resto da banda segue - acrescido da tecladista Gíllian Gilbert - com o nome de New Order. Exorcizam o fantasma de seu poeta partindo para um melancólico porém dançante pop eletrônico. Com o guitarrista Bernard Sumner nos vocais, estão já no terceiro LP, Low Lfe. Melhor que ninguém, sabiam que não poderia haver Joy Division sem a poesia em transe de Ian Curtis.
Em um Lugar Solitário (In a Lonely Place)
Acariciando o mármore e a laje
Amor em especial por alguém
O desperdício na febre que aqueci
Como eu queria que você estivesse
aqui comigo agora
Corpo que se encolhe e esconde
Arcos que trazem freqüentes delícias
Quente como um cachorro ao redor dos pés
Como eu queria que você estivesse
aqui comigo agora
O carrasco olha para os lados enquanto espera
Na forca, a corda se estica e então quebra
Um dia nós morreremos em seus sonhos
Como eu queria que estivéssemos
aqui com você agora
Últimas das últimas letras escritas por Ian Curtis, In a Lonely Place não chegou a ser gravada em sua voz. A canção está no lado B do compacto Ceremony, o primeiro lançamento do New Order.
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