CAZUZA E DULCE ESTÃO FREE
O Barão Vermelho não é o mesmo. Surpreendendo os demais integrantes do grupo, Cazuza anunciou sua partida para a carreira solo - justamente às vésperas da entrada em estúdio para a gravação do quarto LP do Barão. Mas o grupo, até segunda ordem, não irá procurar substituto para o cantor: eles decidiram repartir os vocais principais.
"Para nós foi uma surpresa total", disse o guitarrista Roberto Frejat. "Mas há dois meses nós e o Cazuza brigamos. Ele dizia que não estava satisfeito, então dissemos que ele deveria sair. Ele resolveu ficar. O grupo estava passando por uma reformulação do seu som e este novo disco seria a primeira amostra - desta vez, ao invés de continuar a predominância da parceria Cazuza -Frejat, cada um do grupo participaria com músicas e arranjos. O Guto, baterista, já tinha até escrito uma letra".
"Na verdade", continua Frejat, "nós já imaginávamos que isso pudesse acontecer. Só não esperávamos que fosse tão cedo". Por mais que o Barão já viesse se estruturando de uma forma mais democrática, é claro que a saída de Cazuza cau-sará alguns problemas. "Com a saída do nosso letrista oficial", diz Frejat, "vamos ter que tomar cuidado para as letras não perderem a quali-dade - nossa característica" sempre foi termos letras excelentes. Mas o Guto está crescendo como letrista e acho que vai correr bem".
O quarto álbum do Barão foi adiado e provavelmente sairá em 86. Cazuza, de cama por causa de uma violenta mononucleose, não pôde falar sobre sua saída do grupo, mas sabe-se que ele já está preparando o material para seu primeiro disco individual.
Aproveitando o embalo, vale lembrar que, duas semanas após o racha no Barão, a vocalista Dulce deixou o Sempre Livre. Por enquanto, nenhum plano além de uma carreira... free.
A PERDA DE CAÍTO
Carlos Alceu Camargo, o Caíto 29 anos, advogado e agitador cultural, foi figura de proa do under-ground musical paulistano. E, graças à sua modéstia, uma das menos badaladas. O rock e a música negra o encantaram aos 8 anos de idade. De lá veio, encantado, escrevendo para revistas, produzindo para rádio, descobrindo, empresariando e incentivando bandas tomo Ira!, Mercenárias, Muzak e Akira S e as Garotas que Erraram. Um estranho manager, que devorava discos, fitas e shows, cobrando sua parte em música, nunca em dinheiro. Estudava a implantação de um escritório de apoio às bandas inéditas e às do selo Baratos Afins. Preparava-se para tocar sax com o Akira S. No dia 11 de junho lançou seu novo programa na rádio USP, o Novo Testamento, com uma festa-show. De volta para casa, na madrugada, teve um acesso de bronquite e uma parada cardíaca. Entre os muitos órfãos, ainda que sem filhos, deixa o carinho por aquele que foi como veio, puro.
ALELUIA, ALELUIA
Rumores, boatos e cochicos dão como quase irreversível o lançamento aqui no Brasil, em outubro, dos três LPs dos Smiths de uma enfiada só. A gravadora responsável - a WEA - daria inclusive, seqüência à empreitada com um pacote de doze LPs de independentes Ingleses, que seria lançado no início de 86. Entre eles,Anne Pigalle, Damned e Everthing but the Girl.
Por falar nos Smiths, o grupo continua com a bola toda, sem perspectivas de murchar. Na eleição dos melhores do ano por leitores do Melody Maker, levaram o troféu de melhor banda, Morrisey foi o mais bem vestido, segundo melhor vocalista e segundo o cara mais legal (o primeiro foi Bob Geldof, claro). O guitarrista Johnny Marr foi eleito ainda melhor instrumentista. Somando esses resultados com a votação do New Musical Express (principal concorrente do MM), publicada em fevereiro, o resultado é um verdadeiro banho nos grupos que se revezaram nos vários segundos e terceiros lugares: U2 e Eccho & the Bunnymen.
DEAD KENNEDYS VEM AÍ
Se tudo der certo, em janeiro. Os "Kennedys mortos" estão entre as principais bandas do hardcore, o nu e cru punk californiano.E seu vocalista Jello Biafra - que já foi candidato à prefeitura San Francisco - já se corresponde há um tempão com a tribo punk paulistana. Segundo os responsáveis pela visita, o selo inpendente Ataque Frontal, só falta mesmo acertar o cachê - o que não deve ser difícil, considerando-se que os Kennedys estão "loucos para tocar aqui".
NINA APORTA DE DISCO VOADOR
Acompanhada de sua super banda, treze toneladas em equipamentos e até um disco voador, Nina Hagen desembarca nestas terras no dia 11 de setembro para nada menos que dezesseis apresentações em todo Brasil.
A tour vem em hora apropriada, já que a CBS acaba de lançar aqui seu novo LP In Ekstasy. E é ele que dará o tom no repertório dos shows, temperados, ainda, com antigas composições. O espetáculo não dispensará nem a performance de dois homens cosmicamente estilizados, que sairão em vôo do OVNI, peça central para ambientação do palco.
Os responsáveis são os irmãos Sandro e André Luís Sameli e seu sócio em Los Angeles, Jimmy Martins, os mesmos que a raptaram do Rock in Rio para a danceteria paulista Latitude 3001 em janeiro passado.
A primeira apresentação será em São Paulo, no Ginásio do Ibirapuera, com preços previstos entre três e cinco dólares. A partir dai, outros estados brasileiros e América Latina.
STONES NO ESTÚDIO (E MUITO MAIS...)
É isso aí. Encerrado seu rodopio solo, Mick Jagger está reunido com seus colegas de trabalho e o compositor Steve Lilywhite (U 2, Simple Minds) em Nova York, finalizando o sucessor a Undercover (83). O lançamento mundial do novo LP (Brasil, inclusive) está previsto para dezembro. Vale lembrar ainda que Keith Richard participa do novo LP da bombástica funkeir a Nona Hendryx.
Mais movimentação de estúdio lá fora. Previsto para início de 86, o Yes vem com um disco produzido pelo infatigável Nile Rodgers. Outro retorno de peso: depois de três anos longe do estúdio, os Dexy´s Midnight lançam seu terceiro LP, Don´t Stand Me Down. Ainda: o ecumênico Afrika Bambaataa - depois de dois históricos compactos, com James Brown, outro com o ex-sex pistol John Lydon - vai gravar com Bob Dylan. A dupla aparece ainda, com Dylan na gaita, no LP da maior seção rítmica da Jamaica, quiça da Galáxia. Estamos falando de Sly Dunbar e Robbie Shakespeare, claro eles já tocaram aqui com Peter Tosh). Outras participações este lares: Herbie Hancock e o supersaxofonista africano Manu Dibango. Atenção, gravadoras: o LP é do selo Island.
OUÇA ESSA
Provável título do próximo LP de Lobão e seus Ronaldos: Saudades da Ditadura ou Até aí Morreu Neves.
ROTH DESPEDIDO DO VAN HALEN
Se você esperava a volta do Van Halen para qualquer momento, pode sentar. E continuar esperando.
Eddle Van Halen garantiu à revista Rolling Stone que a banda,"do jeito que todos a conheciam até agora", acabou. "Dave se mandou para virar astro de cinema", vociferou Eddie "e ainda teve peito de me pedir que escrevesse trilhas.sonoras para o filmes dele! Pouco me importa o que ele diga - já estou procurando outro cantor para substituí-lo. Além do mais, Dave não seria capaz de cantar muitas músicas novas que compus - ele só consegue se dar bem gritando nas músicas. Se ele não consegue gritar, está frito!"
A GENTE SOMOS AMIGOS
O Ultraje a Rigor já confirmou sua participação na música "Sokobaya" do segundo LP da Esquadrilha da Fumaça, que sai em outubro pela Baratos Afins. Além disso, Roger e cia. estão tocando "Louras Geladas" em seus shows, enquanto o RPM faz o mesmo com "Ciúme". Eles estão, inclusive, fazendo seus shows em teatro, com direção por conta do seco, molhado e emplumado Ney Matogrosso. E dando seqüência à série "Parcerias Ilimitadas", Branco (Titãs) e Lobão estão compondo juntos.
.