quarta-feira, 22 de setembro de 2010

+ Temporariamente inativo... LUTO +

Amigos, 

informo que suspenderei temporariamente as atualizações em virtude do falecimento do meu super herói. Meu pai faleceu na segunda, dia 20/09, e deixou um vazio mto grande por aqui. 

Estamos tentando nos recuperar do choque e por enquanto não farei atualizações. 

Espero que compreendam e que rezem para que Deus nos dê força para que possamos voltar à rotina normal do dia a dia. 

Obrigado pela compreensão... 

Etiene Antônio Monteiro
*25/09/1945*
+20/09/2010+

sábado, 18 de setembro de 2010

Bizz número 2 - RPM - "Progressivo é a mãe!"

 
´PROGRESSIVO É A MÃE!´

    Logo após ser lançado, o primeiro LP do RPM se tornou um dos maiores sucessos do ano. As críticas só elogiaram. "De acordo com dados não oficiais", como afirma o tecladista Luís Schiavon, vendeu sete mil cópias logo na primeira semana.

    O disco é bem variado e tem excelente trabalho de produção. O tecladista diz que sua banda "é rica porque cada um teve uma experiência diferente".
    O grupo usou bem estas diferenças, experimentando efeitos e utilizando ao máximo os recursos técnicos de gravação. Gravou bateria eletrônica no corredor do estúdio, para chegar ao som adequado; gravou guitarra com velocidade dobrada e até um quarteto de cordas, com violino, cello, baixo e viola sintetizados.
    Sintetizador é uma coisa que Luís conhece. Além de treze anos de convivência com os teclados em conservatório, já tocou muito tecnopop. Até teve uma banda com Lucas Shirahata, a Solaris, que apenas uma vez colocou em palco seus onze sintetizadores.
    O tecnopop e ainda o progressivo permeiam o LP, da dançante "Louras Geladas" à lenta e acústica "A Cruz e a Espada" (com veteranos como Roberto Sion na clarineta e o produtor do disco, Luiz Carlos Maluly, no violão). Mas o grupo rejeita com veemência certas qualificações: "Já estou cansado desta história. É progressivo o escambau! O progressivo não teria uma bateria como esta nunca. Há só uma sofisticação de arranjo comum ao progressivo", protesta Luíz.
    "Também não somos tecnopop", prossegue ele. "Meu conceito de tecnopop é o de uma coisa absolutamente apoiada no uso de instrumentos eletrônicos. Mas nós temos oito faixas com baterias do Paulo Pagni, dez faixas com o baixo do Paulo Ricardo e guitarra em todas."
    Um dos pressupostos do RPM, define seu tecladista, "é a experimentação. A gente se permite testar". E se na música funciona assim, os sons vem acompanhados das boas imagens criadas por Paulo Ricardo. Um ex-crítico de música, Paulo canta desde os sete anos e faz poesia desde os treze. Cansou de escrever sobre a música dos outros e, depois de uma viagem pela Europa, chamou Luís e fez o RPM. A estréia se deu em maio do ano passado, na abertura da apresentação do Ira! Na época o grupo era formado por Luís, Paulo Ricardo e Fernando Deluqui (conhecido de Luís quando os dois acompanhavam May East). Na bateria estava Júnior, com seus quinze anos.
    Paulo Ricardo gosta de poesia, de imagens: "Gosto de chamar atenção sobre coisas que estão acontecendo quando acho que elas são úteis. Gosto de palavras não usuais, como álcool, provocante butterfly, paiol de bobagens, Moscou, Nova York, Tel Aviv. São imagens."
    Trabalhando com estas imagens, o RPM saiu do primeiro show para um mergulho no circuito underground paulistano.
    Mas em outubro de 84 as coisas começaram a mudar. A banda mandou uma fita para a CBS e concorreu por uma vaga na coletânea Rock Wave. Conseguiu. E, de quebra, ainda foi aprovada para gravar um compacto.
    Com o disco na rua, a banda passou a tocar por todas as danceterias do Rio e São Paulo. "Louras Geladas" ia aparecendo nas FMs. O outro lado do compacto, "Revoluções por Minuto", tropeçou na Censura e teve execução pública proibida. A Censura alegou incitação ao uso de drogas pelos versos "Agora a China bebe Coca-Cola/ aqui na esquina cheiram cola".
    Em fevereiro deste ano o grupo apareceu em sua formação atual. Júnior tinha saído antes mesmo do compacto, gravado com computador rítmico. Enquanto em seu lugar Paulo Pagni, que já tocou numa banda de jazz-rock e foi professor de bateria.
    Após meses com a mesma formação e com um hit nacional, a banda já pôde reconhecer com clareza o estado atual do rock e sua posição frente a ele. "O Brasil está descobrindo o rock. É uma coisa naciona", considera Luís. "Existem grupos nacionais. O que há são estilos diferentes".
    Paulo Ricardo emenda, classificando alguns estilos: "O Roger do Ultraje é um explícito debochado. Já o Renato Russo da Legião Urbana é um explícito sério. Eu sou implícito, lírico. Gosto de coisas dúbias, como "Louras Geladas".
    O RPM se considera um grupo de palco e pretende fazer um música que agrade tanto aos ouvidos underground quanto aos ouvintes de FMs e freqüentadores de danceterias. "Queremos conciliar o popular e o sofisticado. A gente sempre fica na corda bamba. Entre o brega e o não vendável", argumenta Luís.
    "Há um ano", completa ele, "iriam rir da nossa cara. Agente tem que ocupar espaço. Tenho um pouco de bode deste pessoal que se julga o melhor e não vai a luta".

Bizz número 2 - A moçada da URSS / Blitz no Bolshoi

 
A MOÇADA DA URSS

    Árvores. Esta é a impressão mais forte que se tem quando se chega em Moscou, principalmente para quem mora numa cidade como São Paulo. Jardins, parques, bosques, e as pessoas moram em prédios baixos, cercados de árvores plantadas por elas mesmas.
    Na rua, talvez a maior surpresa seja o fato de que os russos são superfalantes e curiosos. Querem saber de tudo o que está acontecendo por aí. Estão, é lógico, com as informações bem atrasadas a respeito do Brasil. O que mais me perguntaram foi a respeito do paradeiro do Pelé.
    Moscou se preparou um ano para o Festival da Juventude. O último tinha sido realizado em 1978 em Cuba. E neste o lema era "Pela Solidariedade Anti-Imperialista, a Paz e a Amizade". Vinte mil participantes de 150 países tomaram as ruas da capital soviética, perambulando por dias de verão com credenciais coloridas no pescoço.
    O Festival foi uma festa-propaganda do regime, mas a programação cultural foi infindável: teatro, cinema, dança, pintura, escultura, circo, esporte, música erudita e popular, viagens pelas repúblicas etc. Tudo isso transmitido sem interrupções pela poderosa Gosteleradio, a TV estatal soviética. Sem ironia alguma, poderíamos falar numa hiperbem-organizada gincana escolar multinacional. A Praça Vermelha, depois que escurecia, lá pelas onze da noite, se transformava numa Babel performática, tipo a praça em frente ao Beaubourg de Paris ou o Central Park em Nova York. Inacreditável.
    Fiquei sabendo que durante o Festival a cidade foi saneada de seus tipos mais exóticos e alternativos. O policiamento era intenso mas discreto. Foi decretada uma Lei Seca para os soviéticos, mas os estrangeiros podiam biritar à vontade comprando em dólar nas berioskas para turistas.

    Som Clandestino
    Aconteceram dois grandes concertos de rock nos dias 29 e 31 de julho no estádio Dínamo, num subúrbio cercado por bosques de bétulas. Nas duas noites, a capacidade de oito mil lugares esteve esgotada. Um casal de apresentadores tipo anos 50 introduziu algumas ótimas bandas internacionais desconhecidas da gente e pelo menos uma ótima banda soviética, Radar, da república da Estônia.
    Numa entrevista exclusiva, os cinco sorridentes integrantes da Radar contaram que começaram em 80, comprando instrumentos de músicos de fora que pintaram por aqui. Só conseguiram gravar um disco com seis mil cópias. Disseram que não existe o marketing necessário para a indústria de rock, mas prevêem uma nova direção com o surgimento de bandas como a Arsenal, de Moscou. A Radar executa um jazz rock de alta competência técnica, com bateria Tama, guitarras Gibson, baixo Ibanez e teclados Roland. E acabam se informando por estarem próximos da Finlândia.
    Tinha muita gente no camarim e eles não quiseram falar sobre os novos grupos, que se encontram aqui na ilegalidade. Dizem que bandas como Autograph são muito normais e que dezenas de grupos ensaiam na clandestinidade, gravando em cassetes que circulam de mão em mão. Este caráter de marginalidade deixa as pessoas muito curiosas. As pessoas nos paravam nas ruas querendo saber que grupos escutamos, o que pensamos do Michael Jackson... A moçadinha esperta capricha no inglês, francês ou italiano para se comunicar com os forasteiros.
    O grupo mais recente que pintou nos papos foi o Police. Mesmo assim, foi uma surpresa conhecer uns soviéticos metaleiros que conheciam Deep Purple, Scorpions e Whitesnake. As bandas encontradas nas prateleiras da loja estatal Melodia são apenas as poucas "legalizadas" .
    A mais comentada e cultuada das bandas clandestinas é a Zoo-Plast, que nos deu um tremendo cano para entrevista e fotos. Nenhum soviet-roqueiro se deixou fotografar. Tem até uns tipinhos wave, que ouvem muito rock, mas tudo muito na deles.


Blitz no Bolshoi

    Depois da quinta música, os soviéticos começaram a se soltar. E no final a banda conseguiu a incrível proeza de fazer a moçada balançar nas cadeiras e pedir bis. Foi uma das apresentações da Blitz, que pintou na primeira noite do Rock pela Paz, e em duas noites brasileiras (ecléticas, com Martinho da Vila, Geraldo Azevedo, Gonzaguinha, Joyce, Ricardo - aquele da dupla com a Teca - e Fagner).
    Bati um papo com a Blitz numa rua movimentada, em frente ao Teatro Bolshoi. Lá vai.

    BIZZ - E aí, o que vocês têm feito em Moscou?
    Evandro - Eu tenho feito uns passeios meio turistóides. Andar de metrô, Praça Vermelha, assistir a alguma coisa do Festival...

    BIZZ - E o que tem acontecido de bom no Festival?
    Evandro - Vi um espetáculo incrível de pantomima com uns palhaços holandeses. No meio desta imensa programação a gente sempre encontra algo interessante ou no mínimo exótico pra ver.
    Marcinha - Fomos ver o Bolshoi.
    Fernanda - Eu e a Deborah (Bloch) fomos ao Circo de Moscou...

    BIZZ - Vocês têm se encontrado com as bandas soviéticas.
    Evandro - Não. Colocaram a gente num hotel longe do centro, do que está acontecendo.
    Ricardo - É. Dizem até que o hotel era antes do Festival um lugar de alta rotatividade que eles limparam para a ocasião (risos gerais).
    Evandro - Mas fomos procurados pelo empresário da Time Machine, que quer nos trazer pra cá pra apresentações especiais.

    BIZZ - Como foram as apresentações de vocês no Festival?
    Evandro - Foram três. Na noite do rock pela paz tocamos com outras bandas internacionais.
    Fernanda - Pensamos que ia dar muito latino-americano na platéia mas só tinha russo. Na hora deu a maior tremedeira.
    Evandro - Nas primeiras três músicas o mais animadinho só batia o pé assim, ó.
    Marcinha - Mas depois da quinta começamos a puxar palmas. Eles foram entrando na nossa e no final parecia até o Maracanãzinho.
    Evandro - Fizemos um show bonito ao ar livre. A platéia era ainda mais estranha. Ficavam uns quinze garotos em pé na frente dançando, umas crianças de bochechões rosados trazendo flores no palco, e uma multidão mais velha paradona atrás, só aplaudindo. Não acreditaram nas nossas roupas coloridas.

    BIZZ - As meninas já conheceram algum soviético de perto?
    Fernanda - Ah, eles são muito tímidos... 
    Marcinha - Mas são uns anjinhos. Adoro os guardinhas, todos certinhos, de bochechinhas cor-de-rosa, pele lisinha...

    BIZZ - O pessoal daqui transa drogas?
    Evandro - Soube que deram uma limpada na cidade por causa do Festival. Eles sabem de tudo. Quem é estranho, quem é diferente sofreu marcação cerrada. Mesmo assim deu pra fazer umas trocas... - cordas de guitarras por discos, roupas por souvenirs soviéticos...

    BIZZ - A Blitz arrasou aqui?
    Evandro - Fomos bem aceitos. Foi incrível o último concerto dos brasileiros, reprisado a pedido de outras delegações. É uma sensação indescritível ouvir A Dois Passos do Paraíso ou Ridícula tocando no rádio aqui do outro lado do mundo.

Bizz número 2 - Visual - Vídeos

 
VÍDEOS

    LANÇAMENTOS
    BYE BYE BRASIL (1980)

    Direção: Carlos Diegues. Com Betty Faria, José Wilker, Fábio Júnior e Zaira Zambelli. Lançamento GloboVídeo.
    Aproveitando o prestígio dos artistas globais, Cacá Diegues descreve as aventuras e desventuras da Caravana Rolidei, uma trupe circense, pelo Norte e Nordeste.

    ENSAIO DE ORQUESTRA (Prova d´Orchestra, 1979)

    Direção: Federico Fellini. Com Baldwin Boas. Lançamento  GloboVídeo. Legendado
    O menos felliniano e o mais polêmico filme de Fellini. Aqui ele abandona seu habitual universo de sonho para discutir o poder, e o pretexto é uma orquestra que rompe com seu maestro, mas tem dificuldades com a liberdade.

    FICÇÃO
    FUGA DE NOVA YORK (Escape from New York, 1982)

    Direção: John Carpenter. Com Kurt Russel, Lee van Cleef, Ernest Borgnine. Legendado.
    Nova York, 1997. Manhattan está transformada numa imensa prisão, separada do mundo por altos muros e estreitíssima vigilância. Nela, o diretor Carpenter (de Halloween e Fog, A Bruma Assassina) coloca tipos como os que a gente encontraria nas barras mais carregadas da Nova York de hoje. Vivendo nos antigos subterrâneos do metrô, eles acabam dominando a cidade.

    ALIEN, O 8º PASSAGEIRO (Alien, 1979)
    Direção: Ridley Scott. Com Tom Skerritt, Sigourney Weaver e Ian Holm. Original e legendado.
    O genial Scott (Blade Runner) conta aqui a história de uma pacata espaçonave cargueira que topa com um extraterrestre dos mais desagradáveis. O artista suíço H.R. Giger concebeu os cenários, de uma beleza barroca e sinistra, responsáveis pelo clima denso e propício a muitos sustos... A sensualidade é por conta da deliciosa Ripley (Sigourney Weaver).

    AVENTURA
    RAMBO, PROGRAMADO PARA MATAR (First Blood,1982)

    Direção: Ted Kotcheff. Com Sylvester Stallone e Richard Crenna. Original e legendado.
    Um tema atual: o soldado retorna do Vietnã, desajustado e violento. E esse é dos bons - enfrenta, sucessivamente, um xerife, a polícia, a Guarda Nacional e o Exército, como uma máquina (papel ideal para Stallone...) de matar.

    OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA (Raiders of the Lost Ark, 1981)
    Direção: Steven Spielberg. Com Harrison Ford, Karen Allen, Paul Freeman. Legendado.
    Com um pique imbatível de aventura desde a primeira cena, Caçadores coloca Harrison como cientista norte-americano trabalhando para o governo, em busca da Arca com as tábuas dos Dez Mandamentos - cobiçada pelos inimigos nazistas. A cena da abertura da Arca, no final, é um visual imperdível.

    A FORCA SERÁ TUA RECOMPENSA (Ned kelly, 1970)
    Direção: Tony Richardson. Com Mick Jagger, Allen Bickford e Geoff Gilmour. Dublado.
    Infelizmente, o ridículo título em português conta o final da história. Vale, de qualquer forma, pela estréia cinematográfica de Jagger, no papel principal: um salteador australiano do século dezenove. Barba postiça e tudo, o Stone não se sai mal.

    COMÉDIA
    CLIENTE MORTO NÃO PAGA (Dead Men Don´t Wear Plaid, 1981)

    Direção: Carl Reiner. Com Steve Martin e Juliet Forrest. Original e legendado.
    Hilário. Reiner usa um truque eficiente: faz o ator Martin "contracenar" com trechos de filmes policiais de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, entre outros. Com excelente texto, em uma seqüência de clichês do gênero.

    MUSICAL
    THE SECRET POLICEMAN´S OTHER BALL (1982)

    Direção: Julien Temple e Roger Graef. Com Sting, Eric Clapton, Pete Townshend, Jeff Beck, Phi Collins, Donovan e outros músicos, mais a turma do Monty Python. Original.
    Mesmo em inglês, vale a pena. O Secret Policeman’s foi um show organizado em prol da Anistia Internacional. Para quem não entender os engraçadíssimos sketches do Monty Python, momentos musicais memoráveis, como os de Pete Townshend acompanhado apenas de seu violão e Sting e guitarra mandando ver "Roxanne".

    THE MEN WHO MAKE THE MUSIC (1979)
    Direção: Chuck Statler e Gerard Casale. Mistura de clips e ficção com o grupo norte-americano Devo. Em inglês.
    O Devo não é apenas uma banda de rock. Dos uniformes histriônicos às perucas de plástico, dos tiques nervosos às poses robóticas, o Devo é um conceito. Este vídeo é uma das extensões desse conceito e conta - num misto de fato e ficção -o caso de amor/ódio do Devo com a indústria fonográfica e tudo que vem a reboque dela (pseudogênios, megalômanos e puxa-sacos). Um magnata de uma gravadora fictícia (sic) tenta manipular o Devo para "vendê-los melhor, ganhar milhões de dólares". Inventa mil artimanhas; entre elas, bonequinhos para crianças com os integrantes da banda (a mesma coisa que Michael Jackson e Menudo acabariam fazendo. Só que à vera).

    DRAMA
    SEM DESTINO (Easy Rider, 1969)

    Direção: Dennis Hopper. Com Peter Fonda, Dennis Hopper, Jack Nicholson. Cópias original e dublada.
    "Um homem procura a América. E não a encontra em lugar nenhum." Foi este o slogan de lançamento do filme, um superclássico de época. Na verdade, Fonda e Hopper encontram a América. Não a que sonhavam - psicodélica, bela e alucinada -, mas a real - agressiva, pouco disposta a tolerar os marginais do sistema. Belas imagens ao som de Jimi Hendrix e Steppenwolf.

    VIDAS AMARGAS (East of Eden, 1955)
    Direção: Elia Kazan. Com James Dean, Raymond Massey, Julie Harris. Cópias original e dublada.
    No dia 30 de setembro fará trinta anos que Dean, ídolo da juventude transviada e dos rebeldes sem causa, morreu num acidente de automóvel. Em Vidas Amargas, ele vive seu primeiro grande papel, como Cal, o Caim bíblico do romance homônimo de John Steinbeck.

    Levantamento feito a partir das distribuidoras GloboVídeo. CIC e dos Videoclubes Audio, Vídeo Clube do Brasil e Omni Vídeo (SP).

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Bizz número 2 - Lançamentos III

 
BROTHERS IN ARMS - Dire Straits (Polygram)
    Os adeptos de revoluções e revoluções por minuto podem não se sensibilizar com o requintado apego dos Straits às formas clássicas do rhythm´n´blues e do country. Mas, quem ficou com o queixo no colo assistindo a banda no Live Aid, pode se preparar. Brothers in Arms traz Mark Knopfler e Cia. no mesmo grau de inspiração de seu álbum de estréia (78) e de Love over Gold (81). Puxando o lote de pérolas variadas, Money for Nothing decola com um riff guitarreiro que ameaça plagiar "Jumping Jack Flash", mas sai pela tangente. Com uma forte participação de Sting no vocal, a música lembra uma atualização do clássico "So You Want to Be a Rock´n´Roll Star" dos Byrds, ao contar a história de um trabalhador durango que, assistindo clips e clips, resmunga com seus botões: "Eu devia ter aprendido a tocar guitarra, bateria/ é assim que se faz/ você toca guitarra na MIV/ ganha dinheiro fazendo nada/ e garotas de graça".

    RISING FORCE - Yngwie Malmsteen (Polygram)
    Alguns amigos vivem falando dele e alguns muros de colégios burgueses das grandes cidades têm sido pichados comparando Yngwie Malmsteen ao vovô Eric Clapton. Então, me interessei em saber por que tanta falação em torno desse sueco que já tocou no grupo Alcatrazz, de quem pouca coisa ouvi.
    Yngwie é tido como o melhor guitarrista roqueiro do momento e nos surpreende por seus precisos, belos e eficientes solos em guitarras acústicas e elétricas.
    Além disso, é o produtor, compositor, letrista, arranjador e otras cositas más. Posso estar enganado, mas, rarissimamente têm aparecido no atual estágio do heavy metal guitarristas criativos como Yngwie.
    Leopoldo Rey

    A SENSE OF WONDER - Van Morrison (Polygram)
    Ponto pacífico: Van Morrison é um gênio. É o autor do clássico "Gloria" - que já passou pelo repertório tanto de Patti Smith como dos Doors - e dois LPs que, mais cedo ou mais tarde, vão acabar entrando na nossa Discoteca Básica: Astral Weeks (68) e Moondance (70). Além disso, seu fascinante híbrido de country e folk irlandês com a música negra mais religiosa (gospels) e o blues é a fonte de inspiração de grupos como Dexy´s Midnight Runners (lembra?) e uma das confessas alegrias da vida de Bono Vox. Neste LP, Morrison brilha - como cantor e letrista - de cabo a rabo, e há até faixas instrumentais como "Evening Meditation". Mas apaixonantes à primeira audição mesmo são a rasgada "Tore Down à la Rimbaud", "The Master’s Eyes" e "Let the Slave" (sobre poema de William Blake). Um dos melhores discos do mês, e olha só a concorrência.

    THE DREAM OF THE BLUE TURTLES - Sting (CBS)
    As macacas do Sting podem estar encantadas com o bronzeado que o cantor anda exibindo. Mas é capaz que esse disco deixe os fãs do Police com os pêlos em pé. Quem leu a reportagem sobre sua aventura solo no nº1 de BIZZ conhece os detalhes: uma superbanda de jazzistas, Sting trocando o baixo pela guitarra etc. Só que apesar de todas as expectativas, tem levado uns bons malhos da crítica internacional. A verdade é que sai a despojada elegância do Police, para entrar um som gordo, sem espaço para o silêncio. Alto nível instrumental, claro, mas uma atmosfera impessoal. Vale a pena pelo rearranjo total de "Shadows in the Rain". No mais, o fominha Sting também participa de mais discos lançados este mês: o de Miles Davis e o do Dire Straits.

    NORMAL - Lulu Santos (WEA)
    "Não adianta querer mudar, já está tudo no lugar", diz Lulu na letra de "Replay". Pode ser que, com público certo para seu novo disco, ele considere que não resta espaço para inovação. Pode ser que Lulu tenha feito uma escolha deliberada, a da linearidade. Mesmo bem produzido e executado, o LP não tem surpresas e deixa a impressão final de que Lulu pode estar atacado de um certo desencanto. Como afirma seu parceiro Nelson Motta em "De Repente": "De repente o que era novo envelheceu de novo, de repente não há mais saco pra tanto papo que já se ouviu".
    J.E.M.
 
 
 
RÁPIDO & RASTEIRO

    Em ROSAS E TIGRES (Som Livre), a Gang 90 continua a mesma de Júlio Barroso: boas idéias perdidas numa execução "de estúdio" e vocal capenga. A NAVE VAI (EMI-Odeon), do 14 Bis, vai mesmo à deriva, na tradicional fusão de soft-sertanejo mineiro com progressivo paulista que tanto agrada os fãs da banda. Já a trilha sonora de THE BREAKFAST CLUB {CBS) traz a maravilha "Don´t You (Forget About Me)" dos Simple Minds é só. DROP EVERYTHING (WEA) é a estréia mundial do grupo Lady Pank, ou seja, rock polonês para boi dormir. TWO HEARTS (CBS), terceiro LP dos australianos Men at Work, mostra que, apesar da produção de Bob Clearmountain, eles continuam o mesmo wave teor lightíssimo para órfãos do Police. MASK (Polygram) é o terceiro LP de Vangelis lançado aqui só neste ano; com a participação do coral da English Symphony e tudo, para mim ainda é o mesmo dos tempos do Aphrodite´s Child: agradável música para fundo de conversa. Resumindo: Vangelis é bom mesmo no cinema. ME & PAUL (CBS) de Willie Nelson é uma viagem... sem escalas até a terra de Marlboro. Apenas para fanáticos do sertanejo ianque. As cinco estrelas vão mesmo para as séries MASTERWORKS e GREAT PERFORMANCES (CBS), das quais são extraídos os discos com obras de Varèse e Bach comentados nas páginas anteriores. Ao todo, um rico painel da música erudita, dos clássicos aos contemporâneos. Enquanto isso, a tradicional série JAZZ COLLECTOR (CBS) continua soltando preciosidades. Desta vez, BLUESIN´ AROUND do sutílíssimo guitarrista Kenny Burrell, e ALMOST FORGOTTEN, uma bela coletânea dedicada a grandes instrumentistas, onde se destacam as bandas de Slide Hampton e Coleman Hawkins.

 
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Bizz número 2 - Lançamentos II

MIRROR MOVES - Psychedelic Furs (CBS)
    Contemporâneos do levante neopsicodélico inglês de 79, os Furs - os irmãos Richard (vocal, letras) e Tim Butler (baixo), mais o guitarrista Tony Ashton - foram progressivamente aparando as farpas punk de seu climático coquetel sonoro. Mirror Moves, apesar de o primeiro a ser lançado aqui, é já o quarto LP da banda. Até o anterior(83), eles gozavam apenas do respeito da crítica conterrânea. Aí estouraram na América, via MTV, com o clip para "Love My Way" e até moram na terra de Tio Sam. Pela pasteurizada produção de Mirror Moves, dá para sacar no ato.

    DREAM OF A LIFETIME - Marvin Gaye (CBS)
    Ponto pacífico: Marvin Gaye foi um gênio. Cantor e compositor de toque inconfundível e inimitável, multiinstrumentista e arranjador, entrou na década de 70 com técnicas revolucionárias de produção em estúdio. Resumindo: uma perda do nível de Buddy Holly, Jim Morrison, John Lennon etc.
    Este disco póstumo reúne de um lado o material já preparado para o sucessor à obra-prima Midnight Love (82). Do outro lado, faixas que ficaram fora desse último por serem consideradas, pela gravadora, ofensivas aos "bons costumes". (Lembrando que Midnight Love foi concebido como uma espécie de tratado sexológico dançante.) Preciosidades: "Masochistic Baby" (com os versos "eu adoro o seu corpinho/ por isso é meu dever/ espancar o seu corpinho") e "Sanctified Lady" - cujo título original era "Sanctified Pussy" (algo como "gatinha abençoada", sendo que em inglês gatinha responde pela parte, e não pelo todo). Um toque aos tradutores da CBS brasileira: "Savage in the Sack" quer dizer "Selvagem na Cama", não no saque!

    ANTIMALDITO - Jorge Mautner (Polygram)
    Esse esganiçado menestrel punk-naif e seus violino e bandolim já cometeram obras-primas indiscutíveis como "O Vampiro" e "Maracatu Atômico". Por essas e outras, a reaparição de Mautner e seu inseparável guitarrista Jacobina é tão oportuna no Brasil 85. Idiossincráticas, logo geniais, ou vice-versa, não importa: quantos fazem letras assim?
    Com produção de Caetano Veloso para o selo Nova República (!), Antimaldito tem muito mais a ver que o esforço anterior - um LP cheio de "estrelas" como Zé Ramalho e pouquíssimo Mautner. As faixas "Cachorro Louco", "Zona Fantasma" e "O Tataraneto do Inseto" são minha MPB do ano. E vale lembrar que há pouco a Baratos Afins reeditou a sublime/despojada estréia de Mautner, Para Iluminar a Cidade (72).

    TODAS - Marina (Polygram)
    Essa voz de angorá manhosa ainda consegue transformar material mediano e letras "eu te amo" em discos de cabeceira para sua legião de fãs. Mas dêem a ela melodias mais pegajosas e menos lineares que o tal batalhão pode crescer em progressão geométrica. Uma boa prova está em "Doida de Rachar", uma das faixas de Todas em que ela e seu parceiro Antônio Cícero arriscam traduzir um original do ex-Steely Dan, chamado Donald Fagen. Dobrando todos os backing, ela mesma, Marina faz o som virar veludo. O que raramente acontece no resto do disco, ressentido ainda da troca da produção agressiva e encorpada de Fullgás (o LP anterior) por outra bem mais... careta.

    VARÈSE - Robert Craft e membros da Orquestra Sinfônica Columbia (CBS)
    "Sei voar com minhas próprias asas", respondeu ele secamente, uma vez, ao lhe perguntarem quais tinham sido as influências que sofrera. E, de fato, as posições estéticas e os processos de escrita de Edgar Varèse (1885-1965) são tão pessoais, que o separam de seus contemporâneos, como uma das figuras mais originais na música do século XX.
    Talvez o primeiro a romper com os conceitos tradicionais de desenvolvimento e de variação como os processos básicos para a estruturação da peça musical, Varèse concebe os sons como verdadeiros objetos, formando planos e volumes que são mantidos coesos pela energia do ritmo. Seu abandono da noção convencional de melodia e harmonia e seu uso agressivo de percussões ou de recursos eletrônicos vão influenciar experimentalistas como Stockhausen ou John Cage e, na área popular, músicos como Frank Zappa ou o nosso Arrigo Barnabé.
    Um panorama bem abrangente de sua obra - Ionização, Densidade 21.5, Integrais, Octaedro, Hiperprisma e Poema Eletrônico - está neste recém-lançado volume da coleção CBS Masterworks.
    Lauro Machado Coelho
VU - The Velvet Underground (Polygram)
    Ouça este disco bem alto e tente adivinhar quando as músicas foram gravadas. 77? 80? 86? Resposta: entre fevereiro de 68 e setembro de 69. Para quem não sabe, o Velvet de Lou Reed e John Cale é - ao lado dos Doors - o grupo mais influente da década de 60. Uma ilha de sombrias crônicas do submundo e de cinismo cercada de todos os lados pelo florido espírito da era hippie. As influências posteriores estão nítidas, de Bowie e Byrne (década de 70), até Sisters of Mercy, Smiths e Joy Division (década de 80). Este último deixou registrada uma acachapante versão ao vivo de "Sister Ray
    A história desse disco é a seguinte: quando preparava-se, no começo do ano passado, para relançar os primeiros três LPs do Velvet, o selo Verve encontrou arquivadas fitas para um "quarto" LP que nunca existiu por essa gravadora (haveria ainda mais dois, ambos ao vivo). Remixadas com a tecnologia atual, resultaram no melhor LP lançado aqui este ano.
    Músicas como "I Can´t Stand It" e "Andy´s Chest" seriam regravadas mais tarde por Lou Reed em sua carreira solo. Outras como "Lisa Says" e "Ocean" apareceriam nos discos "seguintes" do Velvet. lnútil tentar qualquer blá-blá-blá em cima: isto é História, crianças. E os Reedófilos inveterados vão se deliciar ao reconhecer em "Stephanie Says" o embrião de "Caroline Says", uma das mais afiadas giletes de seu principal LP, Berlin (74). Triste mesmo é a Polygram não ter traduzido o excelente texto/histórico de Kurt Loder, encartado em VU.

Bizz número 2 - Lançamentos I

 
LANÇAMENTOS
 
NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA - Ultraje a Rigor (WEA)
    Já invadiram. A essa altura do campeonato, o primeiro longo do Ultraje é mais que um merecido best seller. Explica-se: amadurecendo seu repertório em uma peregrinação de shows e dois compactos, o grupo estréia como se estivesse lançando os seus "greatest hits".
    Tem gente que vê certo parentesco entre as molecagens de Roger e uma tradição paulistana que vai de Adoniran Barbosa ao Premê e Língua de Trapo. Além disso, eles estão mais para um universalíssimo triângulo amoroso entre Chuck Berry mais Jararaca e Ratinho. Ou seja, você dança e racha o bico - e quando a piada estiver gasta, continua dançando. É só conferir a proibida "Marylou" - segundo Roger, uma canção "didática - infantil, que ensina de onde vêm o leite e os ovos".
    Só uma coisinha: de que música do Police foi chupada a introdução de "Ciúme"? Ou será uma homenagem aos adeptos tupi do "reggae branco"? Cartas para a Redação.
 
YOU´RE UNDER ARREST - Miles Davis (CBS)
    Membro ativíssimo de três revoluções no jazz - a saber, o cool, o be-bop e a fusion roqueira -, Miles dá agora seqüência à sua empreitada funk. E se The Man with the Horn (81) e Star People (82) já garantiam alguns enfartes para puristas e tradicionalistas, este novo trabalho aproxima-se ainda mais do pop. Para começar, uma versão do hit de Cyndi Lauper, "Time After Time" - belíssima para tímpanos sem preconceito. Um estraçalho geral, dançante, mas sempre inventivo e com o superbaixo de Darryl Jones. O sr. Sting comparece com uma "voz de policial francês" na faixa-título.

    Fascinatin’ Rampal - Jean Pierre Rampal (CBS)
    Músico de sólida formação erudita, Rampal é também conhecido por seus passeios na música popular. Neste território consegue brilhar, como o fez na série de melodias japonesas para flauta e harpa, gravada por ele e Lily Laskine e incompreensivelmente não lançada aqui. O mesmo não se pode dizer da audição deste LP, onde ele interpreta transcrições de Michel Colombier para músicas de George Gershwin. Não que se questione seu domínio do instrumento. O que soa estranho é a transcrição para flauta de canções cuja concepção original acaba soando desvirtuada neste instrumento.
    J.E.M.

    WAR - U2 (WEA)
    Editado lá fora em 82, War é o terceiro e o mais militante LP desses bombásticos irlandeses. Uma surpresa para quem só conhece o U2 produzido por Brian Eno em The Unforgettable Fire: aqui, como nos outros discos produzidos por Steve Lillywhite, a potência da banda sobe à tona muito mais crua e básica. No mais, este é também o LP que carrega os dois principais hinos deles - "Sunday Bloody Sunday" e "New Year´s Day". Só que essas gravações ficam meio apagadas depois de suas versões ao vivo registradas com inesquecíveis faíscas no vídeo e no LP Under a Blood Red Sky (que a WEA deve lançar aqui também). Talvez seja no palco que o U2 encontre mesmo sua razão de ser - quem viu o Live Aid, sabe do que eu estou falando. No mais, o sr. Eno transformou água em vinho francês.

    BATALHÕES DE ESTRANHOS -Camisa de Vênus (RGE)
    Já no segundo LP, este peculiar - para dizer o mínimo - grupo quase punk da Bahia continua perseguindo sua marca registrada. Em momentos como "Eu Não Matei Joana D´Arc" (um hit nas FMs!) eles conseguem e, de modo geral, todas as canções e letras trazem o potencial de uma paulada simultânea na testa e no baixo ventre. O problema continua o mesmo do primeiro disco: uma produção tímida, com guitarras mixadas baixo, sem fio ou corte. Alô, produtores, vamos liberar a distorção e a microfonia!

    BACH - CONCERTO ITALIANO, CONCERTOS PARA PIANO, INVENÇOES, VARIAÇÕES GOLDBERG - Glenn Gould (CBS)
    Sua escolha dos andamentos era, em geral, desconcertante; suas gradações dinâmicas, não raro, agressivamente anticonvencionais; e ele tinha o hábito desagradável de cantarolar enquanto tocava. Mas poucos pianistas conseguiram, como Glenn Gould (1932/1984), unir a uma inteligência de execução, que torna claras as mais complexas tramas polifônicas, tão ilimitada capacidade de transfiguração poética. Bach foi o compositor a quem mais se dedicou esse artista, de um perfeccionismo que o levou a trocar a sala de concertos pelo estúdio de gravação. E de Bach são as obras nestes quatro discos.
    L.M.C.

    RATTLESNAKES - Lloyd Cole & The Commotions (Polygram)
    Um escocês obcecado pelos míticos United States da América do Norte, Lloyd Cole escreve versos como "arrume um novo alfaiate, comece a ler Norman Mailer". Seu vocal tem a mesma familiaridade com o de Lou Reed que, digamos, o vocal de Mark Knopfler  com o de Dylan. E, no som, guitarras e violões tecem a tapeçaria junto a violinos e órgâo - ou seja, mais referência ao psicodelismo americano pré-66. Aqui em São Paulo, a faixa-título já é, há um bom tempo, hit de certas pistas de dança. Lá fora, os hits foram "Perfect Skin" e "Forest Fire" (linda). Ao todo, uma trilha sonora perfeita para relaxar, meditar e/ou namorar no sofá.
 
 

Bizz número 2 - Parada

PARADA

    AS 25 MAIS
    A parada bizz é feita com a confrontação de dados de execução e vendagem de discos. Eles são extraídos de 61 lojas e 71 rádios FM e AM das principais cidades do país.

    $ 1. (1) "We Are the World" - USA for Africa (CBS)
    2. (14) "I Was Born to Love You" - Freddie Mercury (CBS)
    3. (6) "Louras Geladas" - RPM (CBS)
    4. (11) "Fórmula do Amor" - Léo Jaime/Kid Abelha (CBS)
    5. (5) "Seu Nome" - Biafra (Barclay)
    6. (8) "Tudo Pode Mudar" - Metrô (CBS)
    7. (4) "I Should Have Known Better" - Jim Diamond (CBS)
    $ 8. (9) "Please Be Good to Me" - Menudo (RCA)
    $ 9. (3) "Nada Mais" - Gal Costa (Polygram)
    10.(7) "Olhos Vermelhos" - Guilherme Arantes (CBS)
    11.(15) "Private Dancer" - Tina Turner (EMI-Odeon)
    $ 12.(-) "Rebelde sem Causa" - Ultraje a Rigor (WEA)
    13.(24) "Raspberry Beret" - Prince (WEA)
    $ 14.(-) "Ciúme" - Ultraje a Rigor (WEA)
    15.(12) "Everybody Wants to Rule the World" - Tears for Fears (Polygram)
    16.(10) "Smooth Operator" - Sade (CBS)
    17.(-) "Companheiro" - Dominó (CBS)
    18.(18) "One More Night" - Phil Collins (WEA)
    19.(13) "Make no Mistake, He´s Mine" - Barbra Streisand/Kim Carnes (CBS)
    $ 20.(-) "Hold Me" Menudo (RCA)
    21.(22)    "Tempo Rei" - Gilberto Gil (WEA)
    22.(-) "Insensível" - Titãs (WEA)
    23.(-) "I Want to Know What Love Is" - Foreigner (WEA)
    24.(23) "This Is Not America" - David Bowie/Pat Metheny (EMI-Odeon)
    *"Chega de Mágoa" - SOS Nordeste

    AS 10 MAIS VENDIDAS
    1. "Evolution" - Menudo (RCA)
    2. "Nós Vamos Invadir Sua Praia" - Ultraje a Rigor (WEA)
    3. "Amadeus" - Trilha Sonora (Polygram)
    4. "USA for África" - Vários (CBS)
    5. "Dominó" - Dominó (CBS)
    6. "Trem da Alegria" - Clube da Criança (RCA)
    7. "Um Sonho a Mais - Inter" -Vários (Som Livre)
    8. "Greatest Hits" - Rod Stewart (WEA)
    9. "Mr. Bad Guy" - Freddie Mercury (CBS)
    10. "Born in the USA" - Bruce Springsteen (CBS)

    AS 10 MAIS TOCADAS
    1. "Chega de Mágoa" - SOS Nordeste (Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro)
    2. "Louras Geladas" - RPM (CBS)
    3. "I Was Born to Love You" - Freddie Mercury (CBS)
    4. "We Are the World" - USA for Africa (CBS)
    5. "Fórmula do Amor" - Léo Jaime/Kid Abelha (CBS)
    6. "Seu Nome" - Biafra (Barclay)
    7. "Tudo Pode Mudar" - Metrô (CBS)
    8. "I Should Have Known Better" - JimDiamond(CBS)
    9. "Olhos Vermelhos" - Guilherme Arantes (CBS)
    10. "Raspberry Beret" - Prince (WEA)

    Convenções:
    $ grande vendagem
    () posição na última Parada Bizz
    (-) novidade na parada


    *A vendagem de "Chega de Mágoa" é feita exclusivamente em agências da Caixa Econômica Federal. O último número de venda divulgado é aproximadamente 360 mil discos. Como a cifra é global e nossa amostragem é parcial, é impossível determinar sua posição exata na Parada Bizz.

Bizz número 2 - Showbizz III

O CENTENÁRIO DE UM PIONEIRO

    Jelly Roll Morton falava pelos cotovelos. Dizia ter inventado o jazz em 1902 e não perdia uma chance de desancar seus colegas pianistas como Duke Emngton e Fats Waller. Esta figurinha controvertida, que morreu em 1941 e que, se vivo, faria cem anos no dia 20 de setembro, foi uma espécie de pioneiro na arte de levar músicos de jazz a criar arranjos orquestrais, em substituição à improvisação reinante. Seu trabalho como compositor e pianista pode ter sido superestimado, e sua fama repousa sobre gravações feitas entre 1026 e 1930. Mas sua influência sobre a música que se fez após estas gravações é inquestionável.

FESTIVAL FM DÁ DÓ

    Desorganização e desrespeito a um público pequeno e interessado apenas em sucessos de FM. Eis o São Paulo Rock Show e MPB promovido pela Rede Bandeirantes de 26 a 28 de julho em Interlagos.
    O esquema foi montado especialmente para a TV, com o show interrompido o tempo todo por comerciais e entrevistas. O público, obrigado a levantar toda vez que a câmera se virava para ele, escutava um apresentador confundindo Walter Franco com Jorge Mautner e outro, bêbado, levando bronca em pleno palco.
    Os sucessos ficaram por conta de nomes famosos e freqüentadores de FM. Na sexta Tim Maia. No sábado à tarde, Dr. Silvana e companhia. E à noite, Robertinho do Recife, Baby e Pepeu. No domingo, todos dançaram ao som de Herva Doce e Titãs.

PONTE AÉREA PARA AS ARTES

    Os cariocas invadiram as avenidas paulistas e os paulistanos tomaram de assalto às praias do Rio entre 8 e 20 de julho no projeto Conexão Urbana.
    Em São Paulo o evento aconteceu na Estação Madame Satã.Além das artes plásticas espalhadas por todo espaço e das leituras de poesia, a conexão trouxe o som da Rádio Fluminense FM de Niterói sob o comando do disc-jockey Maurício Valladares. Entre as bandas, o destaque ficou com o grupo Lado B.
    Já no Rio, as bandas paulistas não puderam tocar. O show de encerramento com os grupoS Voga, Basculantes, Ecossistema e Akira S e as Garotas que Erraram não aconteceu porque as luzes do Circo Delírio foram cortadas. Mas os cariocas viram as exposições de artes plásticas, foto, cinema, vídeo, dança, teatro, poesia e performan-ces.
    Inesquecível a apresentação da futurista "Eletro-Performance" de Theo Werneck, com muito baixo e bateria da banda Akira S. & as Garotas que Erraram. Ao final, aplausos super entusiásticos para a única apresentação a contar com a presença de uma banda.
MICHAEL JACKSON TRIDIMENSIONAL

    Há mais semelhanças entre Michael Jackson e Mickey Mouse e que o fato de os dois usarem luvas brancas. Jackson também vai fazer parte da galeria de tipos dos parques Disney. Sob a direção de Francis Ford Coppola e produção de George Lucas, ele vai ser o personagem de Capitão Eo, um filme em três dimensões de cerca de 12 minutos, que pretende falar de Disney como inovador técnico agora e no futuro, com estréia prevista para o ano que vem no Pavilhão Kodak da Imaginação no Epcot Center.

PUNKS MAIS PARA LÁ DO QUE PARA CÁ

    O grupo punk paulistano Cólera embarca,no inicio de 86, para a Europa. Um compacto com três musicas suas esta sendo editado na Bélgica, e é com a renda de sua vendagem que eles farão uma turnê por sete países do Velho Mundo.
    A viagem dá seqüência ao intenso intercâmbio mantido pela tribo. Nas paradas independentes de agosto, na Inglaterra, figura - por exemplo - o compacto duplo do Olho Seco, que leva apenas o nome da banda. Além disso, desde o ano passado essas duas bandas mais os Inocentes e os Ratos do Porão têm faixas editadas em coletâneas da Inglaterra, Alemanha e EUA.

UM DISCO PARA RAUL

    O fã-clube do Raul Seixas saiu na frente e pro-duziu um LP com o melhor da carreira de seu ídolo, O disco pode ser encontrado nos sebos paulistas ou pela CP 12106 (SP).

AO ESPOUCAR DO CHAMPAGNE

    Modéstia parte, as festas de lançamento da BIZZ em São Paulo (22 de julho), Rio (24 de julho) e Porto Alegre (02 de agosto) foram um arraso.
    Em São Paulo, os grupos Titãs e Sossega Leão e o mestre dos discotecários bandeirantes, Mr. Arthur Veríssimo, chacoalharam os três mil presentes á Pool Music Hall.
    No Rio, presença maciça do público, e o palco do Mistura Fina da Barra assaltado pela e Legião Urbana e Hojerizah. Em Porto Alegre o proprietário da danceteria Ovo de Colombo dizia nunca ter visto "algo assim" -    as portas tiveram que ser fechadas ás três horas, por motivos de segurança, e os últimos festeiros só debandaram lá pelas cinco e meia da manhã.

Bizz número 2 - Showbizz II

 
MOVIMENTAÇÃO DE ESTÚDIO

    Ainda em setembro serão lançados os LPs de Vinícius Cantuária (Odeon), e Tokio, ex-Som Livre, atualmente na CBS. O primeiro LP da banda deverá ter músicas de Kiko Zambianchi e Paulo Ricardo (RPM). O selo punk independente Ataque Frontal virá com uma coletânea dos grupos: Cólera, Ratos de Porão, Virus 27, Grinders, Garotos Podres, Lobotomia, Armagedon, Desordeiros, Auschwitz e Spermogramix.
    Em outubro sairão Ritchie e Pepeu Gomes (CBS), Erasmo Carlos (Polygram), Degradê (Continental), Absyntho (RCA), Luclano e Grupo Flash e Sara Jane (Odeon). O LP de Sara também terá música de Kiko Zambianchi.

DOLBY MONTA SUPERGRUPO

    Depois de reger a banda de David Bowie no Live Aid de Wembley, o tecnotecladista Thomas Dolby prepara um LP e uma excursão com uma supersuperbanda. Nos vocais: Lene Lovich (se você não conhece, dizem que Nina Hagen chupou tudo dela). No instrumental, os sopros dos Brecker Brothers, o maestro funk George Clinton e membros do Earth, Wind & Fire. O grupo se chama Dolby´s Cube e já tem um compacto lançado lá fora, com as músicas "May the Cube Be With You" e "Googooplexus".

VISITA ILUSTRE

    Uma banda da vanguarda novaiorquinha estraçalhou na antologia "No Wave", produzida em 79 por Brian Eno.
    Era a DNA. Seu líder, Arto Lindsay, um grande conhecedor da musica brasileira - calhou de ter nascido por aqui, embora educado nos EUA - esteve recentemente no Rio para agitar o lançamento do disco de seu novo grupo, os Ambitious Lovers.
    O disco chama "Envy".

METAL AID

    O espírito beneficente dos roqueiros engrossa a cada dia. Agora é a vez aos metaleiros interna- cionais - numa reunião já apelidada de "Metal Aid" - com um compacto cuja renda será revertida para as vitimas da tragédia ocorrida em Bruxelas, na finalíssima da Copa dos Campeões.
    A música, chamada "Sport Alive", já havia sido composta pela banda alemã Jump e nesta versão all-stars conta com a participação de membros dos grupos Motorhead, Slade, Uriah Heep, Girlschool, Rock Goddess, do próprio Jump e da usina de pauleira italiana Scalpi.

OS FAVORITOS DA MTV

    Em 84 a MTV (a FM televisiva americana) instituiu o Oscar do videoclip - Annual MTV Video Music Awards - e os Cars foram premiados na categoria principal.
    Este ano, na categoria melhor clip, dificilmente "We are the World" será batido. Bruce Springsteen e Dave Lee Roth estão pau a pau em melhor clip masculino. Na ala feminina, Madonna vem seguida de Cyndi Lauper, Tina Turner e Sade Adu.
    Na festa de premiação, dia 13 de setembro, fica ainda decidido se Julian Lennon leva o prêmio de melhor artista jovem, Bruce - de novo - em melhor atuação de palco, e Frankie Goes to Hollywood o de melhor idéia. O video de Frankie pode dar também a melhor direção para os magos Godley e Creme.

ÚLTIMOS LANÇAMENTOS EM VÍDEO


    Acaba de ser lançado lá fora o video do show do Queen no Rock in Rio. Editado pela Picture Music Internacional com o titulo Live in Rio, dura uma hora e tem dezesseis músicas. Outro lançamento é Ricochet (Jem Music, 59 min.), documentário sobre a turnê 83 de David Bowie - a mesma cujo show estará registrada no video The Serious Moonlight Tour. Por último, uma especiaria independente: The Vialets Video, com os loucaços March Violets, banda inglesa da mesma safra de The Cult e Sisters of Mercy. A fita inclui o genial hit (nas paradas independentes inglesas, claro) "Grow Baby".

Bizz número 2 - Showbizz I

 
CAZUZA E DULCE ESTÃO FREE

    O Barão Vermelho não é o mesmo. Surpreendendo os demais integrantes do grupo, Cazuza anunciou sua partida para a carreira solo - justamente às vésperas da entrada em estúdio para a gravação do quarto LP do Barão. Mas o grupo, até segunda ordem, não irá procurar substituto para o cantor: eles decidiram repartir os vocais principais.
    "Para nós foi uma surpresa total", disse o guitarrista Roberto Frejat. "Mas há dois meses nós e o Cazuza brigamos. Ele dizia que não estava satisfeito, então dissemos que ele deveria sair. Ele resolveu ficar. O grupo estava passando por uma reformulação do seu som e este novo disco seria a primeira amostra - desta vez, ao invés de continuar a predominância da parceria Cazuza -Frejat, cada um do grupo participaria com músicas e arranjos. O Guto, baterista, já tinha até escrito uma letra".
    "Na verdade", continua Frejat, "nós já imaginávamos que isso pudesse acontecer. Só não esperávamos que fosse tão cedo". Por mais que o Barão já viesse se estruturando de uma forma mais democrática, é claro que a saída de Cazuza cau-sará alguns problemas. "Com a saída do nosso letrista oficial", diz Frejat, "vamos ter que tomar cuidado para as letras não perderem a quali-dade - nossa característica" sempre foi termos letras excelentes. Mas o Guto está crescendo como letrista e acho que vai correr bem".
    O quarto álbum do Barão foi adiado e provavelmente sairá em 86. Cazuza, de cama por causa de uma violenta mononucleose, não pôde falar sobre sua saída do grupo, mas sabe-se que ele já está preparando o material para seu primeiro disco individual.
    Aproveitando o embalo, vale lembrar que, duas semanas após o racha no Barão, a vocalista Dulce deixou o Sempre Livre. Por enquanto, nenhum plano além de uma carreira... free.

A PERDA DE CAÍTO

    Carlos Alceu Camargo, o Caíto 29 anos, advogado e agitador cultural, foi figura de proa do under-ground musical paulistano. E, graças à sua modéstia, uma das menos badaladas. O rock e a música negra o encantaram aos 8 anos de idade. De lá veio, encantado, escrevendo para revistas, produzindo para rádio, descobrindo, empresariando e incentivando bandas tomo Ira!, Mercenárias, Muzak e Akira S e as Garotas que Erraram. Um estranho manager, que devorava discos, fitas e shows, cobrando sua parte em música, nunca em dinheiro. Estudava a implantação de um escritório de apoio às bandas inéditas e às do selo Baratos Afins. Preparava-se para tocar sax com o Akira S. No dia 11 de junho lançou seu novo programa na rádio USP, o Novo Testamento, com uma festa-show. De volta para casa, na madrugada, teve um acesso de bronquite e uma parada cardíaca. Entre os muitos órfãos, ainda que sem filhos, deixa o carinho por aquele que foi como veio, puro.

ALELUIA, ALELUIA

    Rumores, boatos e cochicos dão como quase irreversível o lançamento aqui no Brasil, em outubro, dos três LPs dos Smiths de uma enfiada só. A gravadora responsável - a WEA - daria inclusive, seqüência à empreitada com um pacote de doze LPs de independentes Ingleses, que seria lançado no início de 86. Entre eles,Anne Pigalle, Damned e Everthing but the Girl.
    Por falar nos Smiths, o grupo continua com a bola toda, sem perspectivas de murchar. Na eleição dos melhores do ano por leitores do Melody Maker, levaram o troféu de melhor banda, Morrisey foi o mais bem vestido, segundo melhor vocalista e segundo o  cara mais legal (o primeiro foi Bob Geldof, claro). O guitarrista Johnny Marr foi eleito ainda melhor instrumentista. Somando esses resultados com a votação do New Musical Express (principal concorrente do MM), publicada em fevereiro, o resultado é um verdadeiro banho nos grupos que se revezaram nos vários segundos e terceiros lugares: U2 e Eccho & the Bunnymen.

DEAD KENNEDYS VEM AÍ

    Se tudo der certo, em janeiro. Os "Kennedys mortos" estão entre as principais bandas do hardcore, o nu e cru punk californiano.E seu vocalista Jello Biafra - que já foi candidato à prefeitura San Francisco - já se corresponde há um tempão com a tribo punk paulistana. Segundo os responsáveis pela visita, o selo inpendente Ataque Frontal, só falta mesmo acertar o cachê - o que não deve ser difícil, considerando-se que os Kennedys estão "loucos para tocar aqui".
 
NINA APORTA DE DISCO VOADOR

    Acompanhada de sua super banda, treze toneladas em equipamentos e até um disco voador, Nina Hagen desembarca nestas terras no dia 11 de setembro para nada menos que dezesseis apresentações em todo Brasil.
    A tour vem em hora apropriada, já que a CBS acaba de lançar aqui seu novo LP In Ekstasy. E é ele que dará o tom no repertório dos shows, temperados, ainda, com antigas composições. O espetáculo não dispensará nem a performance de dois homens cosmicamente estilizados, que sairão em vôo do OVNI, peça central para ambientação do palco.
    Os responsáveis são os irmãos Sandro e André Luís Sameli e seu sócio em Los Angeles, Jimmy Martins, os mesmos que a raptaram do Rock in Rio para a danceteria paulista Latitude 3001 em janeiro passado.
    A primeira apresentação será em São Paulo, no Ginásio do Ibirapuera, com preços previstos entre três e cinco dólares. A partir dai, outros estados brasileiros e América Latina.

STONES NO ESTÚDIO (E MUITO MAIS...)

    É isso aí. Encerrado seu rodopio solo, Mick Jagger está reunido com seus colegas de trabalho e o compositor Steve Lilywhite (U 2, Simple Minds) em Nova York, finalizando o sucessor a Undercover (83). O lançamento mundial do novo LP (Brasil, inclusive) está previsto para dezembro. Vale lembrar ainda que Keith Richard participa do novo LP da bombástica funkeir a Nona Hendryx.
    Mais movimentação de estúdio lá fora. Previsto para início de 86, o Yes vem com um disco produzido pelo infatigável Nile Rodgers. Outro retorno de peso: depois de três anos longe do estúdio, os Dexy´s Midnight lançam seu terceiro LP, Don´t Stand Me Down. Ainda: o ecumênico Afrika Bambaataa - depois de dois históricos compactos, com James Brown, outro com o ex-sex pistol John Lydon - vai gravar com Bob Dylan. A dupla aparece ainda, com Dylan na gaita, no LP da maior seção rítmica da Jamaica, quiça da Galáxia. Estamos falando de Sly Dunbar e Robbie Shakespeare, claro eles já tocaram aqui com Peter Tosh). Outras participações este lares: Herbie Hancock e o supersaxofonista africano Manu Dibango. Atenção, gravadoras: o LP é do selo Island.

OUÇA ESSA

    Provável título do próximo LP de Lobão e seus Ronaldos: Saudades da Ditadura ou Até aí Morreu Neves.

ROTH DESPEDIDO DO VAN HALEN

    Se você esperava a volta do Van Halen para qualquer momento, pode sentar. E continuar esperando.
    Eddle Van Halen garantiu à revista Rolling Stone que a banda,"do jeito que todos a conheciam até agora", acabou. "Dave se mandou para virar astro de cinema", vociferou Eddie "e ainda teve peito de me pedir que escrevesse trilhas.sonoras para o filmes dele! Pouco me importa o que ele diga - já estou procurando outro cantor para substituí-lo. Além do mais, Dave não seria capaz de cantar muitas músicas novas que compus - ele só consegue se dar bem gritando nas músicas. Se ele não consegue gritar, está frito!"

A GENTE SOMOS AMIGOS

    O Ultraje a Rigor já confirmou sua participação na música "Sokobaya" do segundo LP da Esquadrilha da Fumaça, que sai em outubro pela Baratos Afins. Além disso, Roger e cia. estão tocando "Louras Geladas" em seus shows, enquanto o RPM faz o mesmo com "Ciúme". Eles estão, inclusive, fazendo seus shows em teatro, com direção por conta do seco, molhado e emplumado Ney Matogrosso. E dando seqüência à série "Parcerias Ilimitadas", Branco (Titãs) e Lobão estão compondo juntos.

 
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Bizz número 2 - Showbizz - Cazuza e Dulce estão free

 
CAZUZA E DULCE ESTÃO FREE

    O Barão Vermelho não é o mesmo. Surpreendendo os demais integrantes do grupo, Cazuza anunciou sua partida para a carreira solo - justamente às vésperas da entrada em estúdio para a gravação do quarto LP do Barão. Mas o grupo, até segunda ordem, não irá procurar substituto para o cantor: eles decidiram repartir os vocais principais.
    "Para nós foi uma surpresa total", disse o guitarrista Roberto Frejat. "Mas há dois meses nós e o Cazuza brigamos. Ele dizia que não estava satisfeito, então dissemos que ele deveria sair. Ele resolveu ficar. O grupo estava passando por uma reformulação do seu som e este novo disco seria a primeira amostra - desta vez, ao invés de continuar a predominância da parceria Cazuza -Frejat, cada um do grupo participaria com músicas e arranjos. O Guto, baterista, já tinha até escrito uma letra".
    "Na verdade", continua Frejat, "nós já imaginávamos que isso pudesse acontecer. Só não esperávamos que fosse tão cedo". Por mais que o Barão já viesse se estruturando de uma forma mais democrática, é claro que a saída de Cazuza cau-sará alguns problemas. "Com a saída do nosso letrista oficial", diz Frejat, "vamos ter que tomar cuidado para as letras não perderem a quali-dade - nossa característica" sempre foi termos letras excelentes. Mas o Guto está crescendo como letrista e acho que vai correr bem".
    O quarto álbum do Barão foi adiado e provavelmente sairá em 86. Cazuza, de cama por causa de uma violenta mononucleose, não pôde falar sobre sua saída do grupo, mas sabe-se que ele já está preparando o material para seu primeiro disco individual.
    Aproveitando o embalo, vale lembrar que, duas semanas após o racha no Barão, a vocalista Dulce deixou o Sempre Livre. Por enquanto, nenhum plano além de uma carreira... free.

Bizz número 2 - Trailer disc - O melhor de Joplin e Hendrix

 
O MELHOR DE JOPLIN E HENDRIX

    Aa
    1. Move Over representa um marco todo peculiar na carreira de Janis: foi ela mesma quem compôs a canção, um sacolejante rhythmin´blues, bem do jeitão que ela gostava de cantar (do LP Pearl - CBS, lançado originalmente em 1970).
    2. Me and Bobby McGee, uma balada ao violão de Kris Kirstofferson, revela outra faceta de Janis: uma interpretação mais cool e relaxada, bem diferente do dilaceramento bluesístico (do LP Pearl - CBS, lançado em 1970).
    3. Summertime uma das gemas faiscantes da ópera Porgy and Bess, de George Gershwin, nunca foi tão difundida como na voz de Janis Joplin. Em contrapartida, ela aproveita a canção como pista de decolagem para seus rascantes vôos vocais (do LP Cheap Thrills - CBS, lançado em 1968).
    4. Ball and Chain é nada mais, nada menos, que aquele tradicional bluezaço de Mama Thornton com que Janis deixou todos os queixos caídos no Festival de Monterey, em 67 (do LP Cheap Thrills - CBS, lançado em 1968).
    5. Down on Me, um blues tradicional com arranjo da própria Janis, não poderia faltar. Nesta gravação ao vivo, a Full Tilt Boogie Band pega fogo (do LP póstumo In Concert - CBS).
    6. Piece of My Heart foi um dos grandes hits de Janis em vida e leva na letra o tema favorito da cantora: como cada paixão vai rasgando irreversivelmente o coração (do LP póstumo In Concert - CSS).

    Bb
    1. Are Vou Experienced, um dos mais potentes blues psicodélicos de todos os tempos, merece ser ouvido com especial atenção ao uso que Hendrix faz da microfonia, aquele e agudo estridente que os amplificadores soltam quando aproximados de um microfone ou captador de guitarra.
    2. Little Wing, quase uma balada, com a letra mais lírica que Jimi escreveu, foi também gravada por Eric Clapton no LP Layla. Quem conhece só esta homenagem precisa ouvir a versão original.
    3. Voodoo Chile foi, junto com "Purple Haze", um dos maiores hits de Jimi em vida. Nesta versão ao vivo, só falta a guitarra falar.
    4. Hey Joe, uma canção tradicional do folclore americano, foi o primeiro compacto lançado pela Jimi Hendrix Experience, Na letra, a história de um homem traído que sai armado atrás da mulher.
    5. Wild Thing foi originalmente um hit dos Troggs, um grupo inglês que, em plena década de 60, era puro punk. Ao tocá-la, no Festival de Monterey, Jimi criou um efeito cênico que já faz parte dos Grandes Flashes da Galeria Roqueira: tacou fogo na guitarra (todas as faixas extraídas do LP póstumo The Jimi Hendrix Concerts - CBS).