terça-feira, 7 de setembro de 2010

Bizz número 1 - Dee Snider / Heavy Metal

 
DEE SNIDER

    Sentado numa luxuosa suíte do Caesar Park, em São Paulo, o vocalista da pauleira-purpurina está de cara limpa. E pouco lembra sua agressiva presença de palco onde, como gosta de dizer, é mais do que tudo um animal".
    Dee Snider veio promover o terceiro disco da banda, Stay Hungrv. Um disco que surpreendeu a crítica inglesa e americana por sua sofisticação de produção em relação aos trabalhos anteriores (Under the Blade, míni-LP de 82, e Can´t Stop Rock and Roll de 83).
    A sofisticação - maior elaboração nos vocais e arranjos - é um caminho que deve ser aprofundado. Eu gostaria de ter mais atmosfera nos discos, mais clima. Nós não tínhamos conseguido isto antes porque trabalhávamos com orçamentos apertados e pouco tempo de estúdio", justifica Snider.
    O cantor sabe, porém, que a elaboração, no caso de uma banda pauleira, pode ser um grande risco. O risco da perda do caráter cru do heavy. Mas será que nós somos mesmo heavy?, pergunta ele. E responde: Acho que sim. Minhas influências mais fortes são AC/DC, que é mais hardcore que heavy; Alice Cooper. que não era heavy, e Black Sabbath, decididamente metal. Quer dizer, dois terços de mim são heavy metal".
    O que o Twisted Sister quer agora é juntar as características da pauleira com os valores de produção dos bons tempos de David Bowie. Alice Cooper, Mott the Hoople e Lou Reed". Para isto chamaram o produtor Bob Ezrin. que trabalhou em The Wall do Pink Floyd e Berlin, de Lou Reed. A banda começa a gravar em setembro ou outubro e uma participação é quase certa: a do grande ídolo de Dee, Alice Cooper. Já existe uma música feita para o dueto.
    Mesmo com maior cuidado, o som do Twisted Sister continuará "pegando no estômago", e vindo mais "do coração que da cabeça´´. Dee critica as bandas que vieram após o punk não, como diz, "por serem minimalistas", mas por serem "tão cósmicas, espaciais" e não básicas o bastante. Afinal, ele mesmo considera o som do AC/DC minimalista, "menos rude, mais fragmentado".
    A transição do básico para o mais complexo, acredita ele, é quase uma questão de idade: "Vejo pessoas da minha idade (30) ou muito mais jovens que atravessam a fase do heavy e saem dela, querem alguma coisa que achem mais madura. Parece que todos querem mudar e talvez um dia isto aconteça comigo também. Mas não enxergo ainda esta possibilidade".
    Uma recomendação de Dee a quem acompanha o som pauleira: ouvir a banda americana WASP, em ascensão. E uma promessa: a de não tirar a maquiagem, apesar de ela não servir mais para chocar ou chamar a atenção. "Não vamos desapontar. como fizeram Kiss ou Bowie", diz ele.
 
HEAVY METAL

    O que é black e o que white metal? Como é que pintou esta adoração de bandas apuleira por legiões de figuras de roupas negras e munhequeiras de tachinhas? Depois do Rock in Rio  palavra metaleiro virou moda. E se instalou, apesar de ser renegada por muitos grupos que dizem que o rock pauleira sempre existiu e sempre existirá. Vamos inaugurar esta seção falando do pessoal que sempre pegou no pesado.

    þ Após contratos milionários e mil exigências. o empresário Bruce Payne (então cuidando do Rainbow) conseguiu reajuntar o Deep Purple, com a nata dos músicos que passaram pelo grupo - Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Ian Paice, Jon Lord e Roger Glover. Gravaram e lançaram, como se sabe, Perfect Strangers. E abriram com estardalhaço no final de junho, na Inglaterra, o festival de Knebworth.
    þ No Black Sabbath, Iommi e Butler continuam à cata de um novo vocalista para gravar um LP. Pelo vocal passaram Ozzv e Dio, além de Ian Gillan, que está no LP Born Again. Chegaram até a apresentar Donato para a imprensa, em fotos promocionais, mas o rapaz foi mandado embora. Será que foi incompetência?
    þ Ozzy Osbourne ficou sem o tecladista Don Airey e o batera Tommy Aldridge, que saíram depois do Rock in Rio. Ozzy já tem novo disco a ser lançado em breve e promete colocar logo em carreira solo seu guitarrista Jake E. Lee. ´Ele merece", diz o velho metaleiro.
    þ No time do Led Zeppelin, Robert Plant manda ver seu terceiro 12 solo, Shaken´n´Stirred após o sucesso de Honeydrippers. Jimmy Page volta às paradas na Inglaterra e EUA com seu grupo The Firm, ao lado do ex-Bad Company Paul Rodgers. Page aparece ainda ao lado de Roy Harper em Whatever Hoppened to Jugulo. O ex-baixista do Led, John Paul Jones, que andava quietinho, gravou a trilha do filme Scream for Help!, com três músicas de sua filha Jacinda. Page também está nessa. Jason. filho do falecido Bonzo Bonham, é batera do grupo Airrace, que lançou recentemente o LP Shaft of Light.
    þ O Uriah Heep volta ao disco através da CBS, com Equator. Na banda, Mick Box, Trevor Bold, Lee Kerslake, Pete Goalby e John Sinclair. Para quem não se lembra, o abandonado David Byron, ex-vocalista, deixou este mundo em fevereiro último, vítima de cirrose. Alcool demais.
    þ Está difícil para o Kiss acertar seu guitarra solo. Primeiro o complicado Ace Frehley foi substituído por Vinnie Vincent, que não deu muito certo. Foi trocado pelo elogiadíssimo Mark St. John, que participou do Animalize, tocou algumas vezes e teve de largar tudo por problemas com sua mão direita. Saiu St. John e entrou Bruce Kullick, irmão do guitarrista do Meat Loaf, Bob Kullick. Ace Frehley anuncia seu retomo com a Frehley´s Comet.
    þ O Def Leppard promete muito apoio a seu batera Rick Allen. Como se sabe, Rick perdeu seu braço direito num acidente de carro no final do ano passado. Em plena recuperação, colocou backing vocal no novo álbum do grupo. Já tinha gravado parte da batera do álbum antes do acidente. Falam em sua ida para os teclados e percussão.
    þ Quem se refaz também de acidente de carro é o pessoal do Motley Crue. No bólido de um deles, Vince Neil, morreu o baterista do Hanoi Rocks, Razzle. O Motley parte para novo disco e vai botar de novo o pé na estrada.
    þ Começando a ser ouvido aqui um guitarrista de som pesado e nome estranho. E Yngwie Malms. teem, que está estourando lá fora com seu LP Rising Force (saindo aqui pela Polygramj. Malmsteem é um tipinho década de 70, com calças de veludo, casacos de couro de tigre, crucifixo no peito e uma Stratocaster pendurada no pescoço. E se diz influenciado por Hendrix, Page e Rítchie Blackmore.


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