terça-feira, 7 de setembro de 2010

Bizz número 1 - Rose D'or Montreux 85

 
ROSE D´OR MONTREUX 85

    O festival de TV começou em 61. Em 64, para atrair público, chegaram os grupos de música em eventos paralelos. No ano passado, as redes européias de TV BBC, Ten e SSR fizeram o primeiro festival de rock de Montreux. Agora a dose foi repetida, mas com a pompa de um jubileu, no mesmo cassino onde é realizado o famoso Festival de Jazz.
    Foram convocados 25 campeões mundiais de venda, tirados de uma pesquisa do instituto Gallup. Duas mil pessoas por noite pagaram para ver seus ídolos e acabaram descobrindo que eles não passaram de figurantes num arrastado show de mímica e dublagem para as câmeras.
    A PRIMEIRA NOITE começou com o inexpressivo guitarrista e vocalista Chris Rea e só começou a esquentar com a entrada do Dead Or Alive. De tapa-olho e longa juba negra, o vocalista Pete Burns é uma espécie de Boy George adulto. Já a esperada apresentação de Bryan Ferry - a primeira depois do fim do Roxy Music -decepcionou pela gélida presença do crooner, agravada por problemas na amplificação. Após o funk do Kool and the Gang, a grande façanha da noite: o cantor Billy Ocean (com voz ao vivo) errou três vezes o começo da primeira música. Por último, uma razoável aparição dos australianos Men At Work.
    A SEGUNDA NOITE foi aberta com maior animação pelo tecnopop do Talk Talk, euforia logo quebrada pela entrada do tímido Philip Bailey Nem seu dueto com a atração seguinte, Kenny Loggins, conseguiu vencer o tédio reinante no cassino. Melhor sorte teve Mark Knopfler, cantando ao vivo enquanto seus Dire Straits dublavam a base. Após o funk contagioso das Pointer Sisters e o pop burocrático da dupla Go West, chega enfim o Culture Club. Boy George. agora de cabelos curtos, entra em cena levantando seu vestido "Madame no coquetel" e mostrando as pernas para delírio das gatinhas (sim, gatinhas). Um sucesso, apesar de parte da platéia mudar a letra da canção, de "War is stupid" (A guerra é estúpida) para ´Boy George is stupid´
    E NA TERCEIRA NOITE que a temperatura vai subir. O clima é de expectativa pelas aparições do Frankie Goes to Hollywood e Sting. Antes, porém, é preciso agüentar o romantismo açucarado de Howard Jones e Agnetha (aquela loirinha do Abba). Passada a divertida e original performance dos Frankies, não se sabe por que cargas d´água Sting concordou em cantar sobre o playback, ainda mais com um time de músicos de primeira linha em sua nova banda (ver matéria nesta edição). Ainda assim, a amostra de seu LP solo foi considerada a luz do festival. Alto nível também foi o teor do Depêche Mode. Com chapas metálicas e muita sucata na percussão, além de dois grandes tambores africanos, sua música traz climas e timbres bem pessoais.
    Logo na seqüência, o chão treme com a histeria feminina (gritos, choro compulsivo e seis desmaios registrados): é o Duran Duran subindo ao palco. Como em playback vale tudo, o crooner Simon Le Bon até se arrisca a arranhar um violão. Encerram com "A View to Kill", trilha do novo James Bond, e deixam o cassino em duas limusines pretas, sob forte esquema de segurança.
    QUARTA e ultima noite. Passado o funk anacrônico do Shakatak, o único grupo a tocar ao vivo em todo festival, chega o cantor cara-de-bebê Paul Young - competente, e só.
    A melhor apresentação da noite ficou, sem dúvida, por conta do Bronski Beat. Apesar de oficialmente já ter deixado a banda, o vocalista Jimi Sommerville cumpriu a agenda com seu afinadíssimo agudo. Após o pop sem sal dos REO Speedwagon, fecham a noite a ótima dupla Tears For Fears e o divertido grupo americano Huey Lewis and the News.
    Quem sabe, editado em um só programa, esse festival possa encontrar sua razão de ser.

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