quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Bizz número 1 - Dire Straits - A volta. E que volta!

 
A VOLTA. E QUE VOLTA!

    Depois de dois anos fora de cena, o Dire Straits começou uma longa excursão em maio último, em Israel. Quando a turné terminar, em março do ano que vem em Darwin. Austrália, o grupo terá percorrido 25 países.
    A maratona serve para matar a sede deixada por tanto tempo de ausência e reagrupa músicos que, isolados, andaram agitando muito, O líder, guitarrista e vocalista Mark Knopfler produziu Tina Turner em Private Dancer (onde tocaram os Straits menos ele; ver pág. 31) e Bob Dylan em Infidels. E de quebra realizou as trilhas dos filmes Cal, produzido por David Puttman, e Comfort and Joy, dirigido por Bill Forsyth. Outro membro da banda, o baixista John Illsey, gravou seu solo Never Told a Soul.
    Nas lojas já aparece o LP novo, Brothers in Arms. E os Straits arrasam no palco com a mesma garra e desenvoltura que os ajudou a conquistar uma posição invejável no rock, com 17 milhões de cópias vendidas de seus cinco LPs.
    A banda passou por Paris nos dias 23. 24 e 25 de junho. Resolvi ir logo na estréia. E lá estavam perto de 20 mil jovens confortavelmente instalados no amplo e moderno ginásio de esportes de Bercy, com suas formas piramidais cobertas de grama. Foram ver a formação atual: Mark Knopfler. Illsey, Alan Clark (teclados), Terry Williams (bateria), com o reforço de Jack Sonni - guitarrista que substitui Hal Lindes -, Guy Fletcher (teclados) e Chris White(sax e flauta).
    Quando a luz apagou, pouco depois das nove, rolou aquele chão de estrelas de milhares de isqueirinhos acesos na multidão. No palco, um único foco de luz sobre Chris. Ele recuperou a flauta transversal, que anda esquecida no rock, fazendo um solo sobre um monocórdico ´ostinato´´ ( uma frase repetida ) de um dos treze teclados a bordo, programado para soar como uma marimba africana debaixo d´água.
    Do solo de flauta a banda chegou direto a uma explosão instrumental. com todos os integrantes distribuídos no palco. Sem roupas extravagantes, eles correram livremente pela grande e negra cena graças aos instrumentos sem fio (inclusive o sax, e foram iluminados com uma precisão e exatidão rítmicas raras.
    Arranjos de efeito ligaram as músicas. Velhos sucessos, como ´ Romeo and Juliet", ´´Sultans of Swing´´, ´ Private Investigations -´Tunnel of Love´´. foram misturados a novidades como Money for Nothing" e "So Far Away".
    Ajudam bastante na pontuação do show a preocupação com a dinâmica de uma bateria grave e potente ou a ausência do baixo em longas passagens, sempre coloridas por timbres novos dos teclados. E os teclados foram usados sempre sem seqüenciadores, colocando o Dire Straits longe das tendências do tecnopop.
    No lugar do tecnopop, a banda reconcilia tendências do começo da década passada. numa leitura atualizada e madura de correntes americanas e até do rock lisérgico inglês.
    Mark Knopfler cantou, tocou, trocou de guitarra a cada duas músicas. fez solos com som de banjo sobre bases heavy. solos hard em momentos de suavidade, preparou a cama para Jack Sonni deitar e rolar (mesmo que discretamente). O Dire Straits não chegou a mostrar a luz no fim do túnel, mas deu provas de que está cruzando um trecho do túnel muito bem iluminado.

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