terça-feira, 7 de setembro de 2010

Bizz número 1 - Tina Turner

TINA TURNER

    Nem o que um médico classificou como um incômodo vírus asiático" abalou a resistência da magnética Tina Turner. Confortada pela conquista recente de três prêmios Grammy nos Estados Unidos, ela não deixou de cumprir uma extensa temporada pelos países nórdicos. Parou para uma escala em Londres, lançou um vídeo e descansou o que pôde em apenas quatro dias de folga em um mês de shows com casa lotada e um público jovem e estimulante.
    Tina viaja com seus músicos num ônibus, opção considerada melhor que a de "ficar enfurnada numa limusine. Cercada de profissionais que acha perfeitos, ela conseguiu criar um clima onde a comunicação é total, sem qualquer briga". Tudo sempre é conversado em tom franco: "Quem tem alguma queixa, algum problema, traz para mim. A gente discute e acha uma solução. Tem funcionado. E é incrível".
    Deve ser mesmo. Tina deu mostras de uma enorme força após ter abandonado em 77 (com a roupa do corpo) seu parceiro Ike, num fim tumultuado para uma longa parceria. Conseguiu encontrar músicos excelentes que tocavam como ela queria, vestiu-se da maneira que gostava e encontrou o designer Bob Mackie, que deu mil dicas sobre seu visual. Contratou produtores que admirava, como Jack Good e Sheent Gibson e começou a produzir seus shows. E hoje revela que, "pensando bem, não foi difícil".
    "Para entender o ponto em que cheguei, é preciso lembrar o quanto mudei", conta miss Tumer. No começo, meu marido era o produtor. Ike escrevia quase tudo. Tinha músicas que eu curtia, como ´My Home Town´, mas no fundo eu não estava cantando o que gostava."
    Até o momento de seu divórcio, Tina teve de cumprir contratos. A partir daí, percebeu que não gostava de sua "trilha sonora". E hoje há quem afirme que seu som está mais para o inglês, talvez como resultado direto de ter sido produzida pelo guitarrista Mike Knopfler, do Dire Straits, e por Martin Ware e Ian Marsh, do Heaven 17. Ela aceita a afirmação:
    "Em 77 eu fazia rhythm and blues (r&b) e cantava também rock. Mick Jagger, Rod Stewart. De repente me toquei que cantava músicas deles porque não conseguia mais cantar meu repertório. Eu queria mudar minhas músicas". Mudou mesmo. Martin é alemão e mora em Londres. Ian é inglês. Tina disse ao produtor Roger Davies, após a separação, que queria cantar rock and roll sem r&b. Nunca tinha se imaginado cantando músicas como "What´s Love Got Do to Do with It´, e foi o maior sucesso.
    Retrocedendo no tempo, Tina Turner faz uma revelação surpreendente. Diz que nunca foi uma grande fã do tipo de música negra da Motown", uma gravadora que tinha em seu cast grupos como Supremes, e cantores como Marvin Gaye e o então iniciante Stevie Wonder. Sempre gostou de David Bowie, Stones, Beatles, Rod Stewart e acredita que hoje a música é muito mais black na Inglaterra que nos Estados Unidos, estes se cansaram da Motown. "A América foi adiante do rock. Lá, a música negra já não é mais tão importante. A maior parte dos artistas está numa faixa fronteiriça. Caso óbvio do Prince, do Michael Jackson, que já estão muito mais próximos do hard rock."
    Profissional séria, Tina sente que poderia ter dado mais de si como cantora no disco Tonight, de David Bowie. E amplia sua agenda partindo para o cinema. Vai aparecer no terceiro filme da série Mad Mcix, que já virou culto. Talvez ache tempo para uns shows no Brasil. "Tenho dito ao Roger Davies que precisamos dar um jeito de ir ao Rio." Quando? Ela sorri e finaliza: "Quem sabe? Talvez lá pelo final de 86".

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