quinta-feira, 16 de setembro de 2010

 
MTV - VIDEOCLIPS 24 HORAS POR DIA

    Você seria capaz de imaginar, dez anos atrás, que chegaria o dia em que o som da música não mais seria suficiente para saciar sua sede por música? Seria capaz de conceber um mundo musical onde a imagem fosse tão importante e indispensável para o funcionamento da indústria fonográfica quanto turnês promocionais e execução em rádio? Ou, por outra, que esta mesma indústria fonográfica hipotética - cuja meta sempre foi vender sons - se recuperasse de uma profunda crise comercial justamente graças ao marketing de som através de imagens?
    Pois bem. Este futuro já existe e sua explicação é simples. Cabe em três letras: MTV.
    Em menos de quatro anos, a MTV (abreviação de Music Television) se transformou na mais influente, rentável e bem-sucedida estação de cabo norte-americana veiculando 24 horas diárias de música com imagens - videoclips, entrevistas exclusivas com astros consagrados e estrelas em ascensão, versões integrais de shows disputadíssimos nas bilheterias e paradas semanais dos 20 vídeos de maior sucesso. Desde sua inauguração, em agosto de 81, a MTV colecionou 26 milhões de assinantes (de cada três americanos, um tem acesso diário à MTV) e simplesmente arrebatou o lugar de honra nas prioridades de gravadoras e artistas nos Estados Unidos. Hoje, se você não estiver "tocando" na MTV, você não existe.
    Se não existisse MTV, talvez hoje você não conhecesse tão bem artistas como Men at Work, Stray Cats, Billy Idol, Flock of Seagulls e Duran Duran, lançados e alimentados pela penetração crescente da MTV. E, se não fosse a MTV, muitos garantem, a indústria fonográfica estaria chafurdando na recessão brutal de que foi acometida no final da década passada.
    Senão, vejamos: em 1977, as vendas da indústria norte-americana somaram quatro bilhões de dólares. Depois disso, franca decadência. Até que, intrigado com a situação, Robert Pittman, ex-disc-jóquei, ex-estudante de Sociologia, intuiu que era preciso acrescentar TV ao rock para conquistar uma geração que tinha sido criada sob a influência da telinha caseira. Conseguiu vender a idéia à Warner Brothers e à American Express. Convenceu as gravadoras a produzir elaborados comerciais ao som de seus lançamentos e transformar estes anúncios em programação, a custo zero. Estava fundada a MTV. E Pittman era seu vice-presidente.
    Por sua força e influência, a MTV também é altamente polêmica. Ela foi acusada de racista por minimizar o elenco negro em sua programação (o primeiro a romper esta barreira foi Michael Jackson, com o clip de "Beat It"). E agora acabou de reverter a mão, reduzindo drasticamente o condimento metaleiro de seu playlist e abrindo maior espaço para artistas novos e desconhecidos. E para os artistas negros.
    Para Michael Shore, colunista de rockvídeos da Rolling Stone, basta um detalhe para provar a importância vital da MTV: hoje em dia, todas as listagens de músicas mais vendidas ou mais tocadas refletem, invariavelmente, a lista de músicas em ´heavy rotation" ("alta rotação", equivalente a três ou quatro execuções diárias) da MTV, sem exceção.
    "Em outras palavras", arremata Shore, ´só é campeão de vendas quem passa pela MTV."

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